Foi preciso insistir, mas ela finalmente cedeu, nossas idas ao
cinema e ao café perto do Times tornaram esse passo um pouco
mais fácil.
Ela olha um grupo de pré-adolescentes comprando castanhas
assadas de um vendedor, sua mão se ergue para tocar a safira
rosa escondida sob seu cachecol e seus olhos ficam distantes.
Laura.
De vez em quando uma nuvem escura e inescapável passa
por Marley, o peso da culpa ainda a segurando.
Eu a aperto com força e meus olhos focam a barraca azul e
branca da campanha de arrecadação de fundos do time de
futebol americano da minha escola que acontece todo ano no
Festival de Inverno. Eu observo o cara com cabelo castanho e
jaqueta esportiva pegar uma das bolas e lançar uma espiral
perfeita através da argola pendurada e dar a sua namorada loira
o bicho de pelúcia que ganha como prêmio.
Kim, penso instantaneamente. Ela amava esse festival,
embora fizesse piada dele.
Marley e eu ainda estamos nos curando, eu acho. Mas acho
que evoluímos bastante durante o último mês e o peso do luto
ficando cada dia mais leve.
Quer dizer, Marley está aqui, no Festival de Inverno lotado.
Isso é... importante para caramba.
— Ei — eu digo pegando a mão de Marley e puxando-a para
a barraca, nos soltando da nuvem escura ameaçadora. — Tem aí
alguma coisa que você gostou?
Nós examinamos os prêmios. Um ursinho segurando uma
bengala de pirulito. Uma rena de nariz vermelho. Marley agarra
meu braço e aponta para um pato amarelo vestindo um casaco
vermelho e chapéu de Papai Noel. Quer dizer, como poderíamos
não tentar esse? Eu puxo um dólar da minha carteira em troca de
uma bola.
Eu respiro fundo e encaro a argola. Sam e eu cuidamos
dessa barraca no nosso primeiro ano durante uma nevasca
completa. Nós ficamos tão entediados e com tanto frio durante a
primeira hora que passamos a maior parte do tempo jogando,
passando a bola pela argola centenas de vezes.
car0l
(CAR0L)
#1