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Um mês depois, estou segurando a mão de Marley
enquanto andamos pela rua principal, o céu escuro e sinistro. O
ar úmido de verão gruda nos meus braços e pernas quando
Georgia para e cheira um canteiro de grama ao lado da calçada,
o que me dá tempo para olhar para as nuvens, o vento puxando
meu cabelo.
— Eu acho que vai...
Ouvimos o estrondo de um trovão e o som afoga o resto da
minha frase quando a chuva começa a cair.
Marley dá um grito e agarra Georgia, apertando-se contra
mim enquanto nos enfiamos embaixo de um toldo para nos
mantermos secos.
Eu apoio meu queixo na cabeça dela e fico tenso quando vejo
um carro passar voando por nós. Um Toyota prata. Idêntico ao
que eu estava dirigindo na noite do acidente.
O carro no qual Kim morreu.
Às vezes parece ter sido há uma vida inteira. Às vezes, há
apenas um minuto.
Marley pega minha mão e estuda meu rosto.
— Qual o problema?
— O carro — eu digo, um arrepio correndo pelo meu corpo.
— É igual ao que eu estava dirigindo quando...
Eu me afasto, encarando a curva na qual o carro
desapareceu, minha visão embaçando quando eu vejo os