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Abro os olhos e vejo a dra. Benefield examinando meu
rosto intensamente. Ela sorri, erguendo os óculos para a cabeça.
— Bem-vindo de volta, senhor — ela fala alto, o som límpido
e claro. Eu pisco, assustado. — Você nos deu um belo susto.
Consegue me ouvir?
Eu abro a boca, mas minha garganta parece uma lixa, áspera,
seca e arranhada.
— M... — eu resmungo, mas é como se houvesse pequenos
cacos de vidro raspando minhas cordas vocais.
— Não fale — a dra. Benefield me instrui.
Mas eu preciso. Preciso perguntar onde está Marley. Tudo
que eu me lembro é de um raio me cegando, a tempestade
raivosa e ela em lugar nenhum.
— Mar... — eu insisto, fazendo uma careta de dor. A dra.
Benefield toca meu braço e sacode a cabeça com o rosto sério.
— Shh — ela insiste. — Vou chamar sua família. Eles vão
ficar animados.
Eu a vejo sair e luto para continuar com os olhos abertos, a
luz ainda ofuscante, minha visão embaçada. Nublada.
Eu foco nas vozes de fora da sala, mas meu corpo parece
fraco, totalmente gasto. Ao meu lado uma máquina solta bips
altos, medindo meu coração acelerado.
— Alguém está muito feliz por você ter acordado — a dra.
Benefield diz da porta.
Marley.