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Depois que Sam vai embora, um silêncio
desconfortável cai sobre Kimberly e eu. Eu quero pegar meu
celular e olhar para qualquer outra coisa, mas não consigo
desviar os olhos de Kim.
É como ver um fantasma. De novo.
Meus olhos a seguem enquanto ela arruma a cama perto da
janela e tira um cobertor branco felpudo coberto de borboletas
azuis de sua bolsa de viagem.
Eu tenho então a lembrança dela sentada no sofá, enrolada
nesse mesmo cobertor, quando eu achava que ela era um
fantasma.
As palavras da dra. Benefield retornam para mim. Você abria
bastante os olhos. Mirava bem o meu rosto.
— Deixa eu ver isso — eu digo. Kim se ergue e vira, me
lançando um olhar confuso. Então ela estende o cobertor para
mim.
Eu o pego, franzindo a testa ao sentir o tecido, real e tangível
na minha mão.
— Você dormiu aqui enquanto eu estava...?
— Às vezes — ela diz, tirando o cabelo loiro do rosto
enquanto observa o meu.
— Você me dizia alguma coisa?
Ela suspira, baixando os olhos para o cobertor enquanto
assente.
— Eu pedia pra você acordar. Eu dizia “Não me...”