Quando eu acordo algumas horas mais tarde, eu sinto um
corpo morno ao lado do meu.
Eu sei que é Kim. Mas eu aperto os olhos e finjo que é
Marley.
— Eu sei que você acordou — Kim diz, me cutucando na
lateral do corpo, seu dedo acertando uma costela saltada, um
efeito colateral da dieta líquida do coma.
Eu suspiro.
— É o que todo mundo me diz.
Há uma batida na porta e nós viramos rapidamente nossas
cabeças e vemos a figura grande de Sam preenchendo o
espaço.
— Ei — ela diz, sem tirar os braços de mim e de alguma
forma eu me sinto culpado. Mas, infelizmente, a cama hospitalar
não é muito grande, e se eu me mover, eu vou cair no chão de
piso frio.
— Certo — Sam diz, passando os olhos entre nós e
pigarreando. — O.k. Bom. Eu vou...
A voz dele falha e ele se vira, voltando para o corredor. Nós o
observamos ir, o som de seus passos sumindo com a distância.
Eu penso nas tulipas.
— O que há com ele? — Ela pergunta, confusa.
— Você... devia ir atrás dele — eu digo, analisando o rosto
dela.
Ela me olha.
— Por quê?
— Eu acho que você sabe por quê. — Tanta coisa parece
errada desde que eu acordei, mas essa parte do mundo de
sonho e do mundo real parece igual.
Eu me ergo, passando uma mão pelo rosto. A dinâmica entre
nós três ficou mais clara desde que eu acordei de qualquer
mundo em que eu estivesse, desde que eu passei um ano inteiro
sendo forçado a lidar com a vida sem ela. E eu não quero perdê-
la de novo. Não assim. Mas eu também não posso segurá-la.
Não mais.
Se Sam é a Marley dela, ele é real e ele está aqui. Ele a
entende quando ela está com raiva e triste. Ele é a pessoa com
car0l
(CAR0L)
#1