me deu. — Palavras que você escreveu pra mim. Leu pra mim.
Palavras pelas quais eu sou grato.
Ela ainda não se vira, então eu sigo tentando e coloco uma
peônia solitária em cima da pequena pilha que está se formando.
— Eu me sentiria tão abençoado se você as pronunciasse de
novo, Marley. Agora. Enquanto estou acordado. Por favor?
Então eu tiro a rosa amarela, a última flor. Sua flor favorita.
— Por favor, fala comigo. Como você fez antes.
Ela desvia os olhos, seu cabelo castanho cobre seu rosto
formando uma barreira entre nós. Então, porque eu não tenho
mais nada a perder a essa altura, eu tento uma última coisa.
Com suavidade, eu coloco o pato de pelúcia em cima da
pilha, minha última chance, a cartada final.
— Eu tenho certeza de que ele gosta de pipoca.
Eu prendo a respiração enquanto ela pega o pato – algo a
tocou. Ela o analisa enquanto eu espero, torcendo para que ela
diga algo.
Mas ela coloca o pato no balcão, pega seu chocolate e vai
embora sem dizer uma palavra. Eu a vejo sair, deixando as
portas de vidro se fecharem atrás dela. Droga.
— Você sabe que é pra escolher entre os arranjos prontos?
Não pode pegar flor e misturar — o atendente, irritado, diz atrás
do balcão.
Eu pego um pacote de batatas e entrego dois dólares. Eu
quero dizer a ele que fiz isso porque as flores têm significados
diferentes, mas em vez disso eu só resmungo algo para me
desculpar, sabendo que a única pessoa no mundo que se
importa com isso acabou de sair pela porta.
— Você não pode controlar tudo — Kim diz para mim na manhã
seguinte pelo FaceTime. Ela está arrumando seu quarto, se
preparando para Berkeley, a pulseira de berloques no pulso. Ela
me lança um olhar entendido através da tela. — É diferente pra
ela do que é pra você, Kyle. Bem diferente.
Eu suspiro. E sei que ela está certa. Foi diferente para Marley.
Ela estava contando uma história para um cara em coma. Uma