Eu corro pela trilha que leva ao cemitério. É lá que eu vou
encontrá-la, no túmulo de Laura, onde nos encontramos pela
primeira vez.
Eu vejo um mar de lírios cor-de-rosa ao longe e a visão me
impele para a frente. Eu disparo e parte de mim sabe que eu não
posso correr tão rápido, não com essa perna, mas aqui, nesse
mundo, eu estou inteiro. Minhas pernas voam, agora mais rápido,
me carregando para o mar de rosa infinito que se estende muito
além do túmulo da sepultura de Laura.
— Marley! — Eu corro direto para a onda de lírios.
Afasto as flores, procurando. Ela não está aqui. Mas... Ela
precisa estar. É o único lugar para onde ela iria.
Continuo avançando pelas flores, chamando Marley
freneticamente, até que de repente eu saio do outro lado do
campo florido. Onde estou? É mais escuro aqui, mais cinza, uma
névoa grossa e ampla grudando no chão. É o cemitério, mas...
diferente.
Então eu vejo a lápide vazia, sozinha e desolada,
pronunciando a palavra dolorida: ADEUS.
Deus, eu me lembro desse túmulo. Ele partiu meu coração
quando o vi, tanto que eu coloquei uma flor em sua lápide. Eu
pisco, sem saber se meus olhos estão me enganando.
A flor ainda está ali, exatamente onde eu a deixei.
Eu me aproximo para pegá-la. A dor me cobre como uma
nuvem escura. Quase imediatamente, ela me preenche, o vazio
bruto da perda me tomando enquanto eu olho para a flor.
Então eu a escuto. Uma respiração. Um choro baixo e
entrecortado. Marley.
Ela está inclinada para a frente. Suas costas estão apoiadas
em cima da palavra na lápide.
ADEUS.
Uma percepção me inunda. Essa não é só uma lápide triste.
É a lápide de Marley. Toda vez que passávamos por ela,
sorrindo, dando risada, ela estava bem ali. Esperando por ela.
Atraindo-a. E eu não tinha ideia.
Não! Eu caio de joelhos diante de Marley, determinado a fazê-
la me ouvir.
car0l
(CAR0L)
#1