E ela está certa. Eu estou com fome. Mas... ir almoçar com
ela significaria sair daqui antes de terminar de falar com Kim.
Embora eu não faça ideia do que dizer, não parece certo fazer
nenhuma outra coisa.
Então, se eu não posso fazer isso eu provavelmente devia ir
para casa.
— Obrigado, mas eu realmente não posso — digo e passo
mancando por ela, indo em direção ao portão, derrotado.
— Ah. Você vai embora — ela diz. Algo na voz dela me faz
dar meia-volta.
Eu estou mais do que pronto para começar a longa
caminhada para casa, mas ela coloca o cabelo atrás da orelha,
seus olhos cor de mel cheios de expectativa.
Continue andando.
Eu quero, mas me sinto preso, meus pés desobedecendo
completamente meu cérebro.
Marley dá um passo na minha direção, mas como eu não digo
nada, ela enfia as mãos nos bolsos e desvia o olhar.
Talvez ela esteja solitária. Um cemitério não é exatamente um
bom lugar para passar a hora do almoço.
Acho que consigo me identificar com isso. Nos últimos três
meses minha vida social se resumiu a passar o tempo com a
minha mãe. Às vezes Sam, mais recentemente, mas no geral só
minha mãe. Isso provavelmente não é a coisa mais normal do
mundo para um cara de dezoito anos, mas eu nem sei mais
como ser normal.
Eu olho para ela de novo. Quer dizer, é só um almoço. Eu ia
para casa comer cereal ou algo assim de qualquer forma.
Ela me dá um pequeno sorriso, como se soubesse o que eu
estou pensando.
— Então... — ela incentiva.
— Vamos almoçar? — Eu pergunto.
A voltagem do sorriso dela é equivalente a uns nove sóis.
Seus olhos parecem mais brilhantes, a cor de mel mais viva.
Mais vibrante. Mais verde.
É contagioso. De repente, eu também estou sorrindo. Meu
primeiro sorriso verdadeiro em meses. É uma boa sensação
car0l
(CAR0L)
#1