Restinga Paralela = Parallel Restinga

(Vicente Mussi-Dias) #1
Coletas de plantas em pontos remanescentes da Restinga de Grussaí
Plant collecting in remnants of the Grussaí restinga

Natural Fazenda Caruara (RPPN), a maior unidade de conserva-
ção privada de restinga do país e nos deparamos com muitos
trechos de restinga guardados pela natureza e socorridos pelo
homem. Coletamos ali 33 diferentes espécies vegetais.


No ano seguinte, em 3 de novembro de 2015, chegamos
ao maravilhoso Parque Nacional da Restinga de Jurubatiba
(PARNA), unidade de conservação federal que representa o tre-
cho de restinga melhor conservado de toda a costa fluminense
(39). No PARNA nós coletamos 34 espécies vegetais.


Sob o ponto de vista da biodiversidade a criação do
Parque Nacional da Restinga de Jurubatiba (PARNA) em 1998,
constitui-se um legado para futuras gerações (40). Esta área en-
contra-se localizada no nordeste do estado do Rio de Janei-
ro, na região da restinga sul, com uma área litorânea de 14.860
hectares, abrangendo os municípios de Quissamã (65%), Ca-
rapebus (34%) e Macaé (1%), sendo considerada Reserva da
Biosfera pela UNESCO (Organização das Nações Unidas para
a Educação Ciência e Cultura)(41). Este parque está inserido na
planície quaternária do Norte Fluminense que corresponde ao
conjunto formado a partir do delta do rio Paraíba do Sul. É com-
posto por terraços marinhos arenosos, além de sedimentos la-
gunares e fluviais, e no seu setor sul, entre Macaé e a Lagoa
Feia, localiza-se a reserva de Jurubatiba, constituída principal-
mente por areias marinhas pleistocênicas (42) com uma faixa de
extensão de 44 km, com grande número de lagoas costeiras (43).
Ali, sucessivas lagoas, entre 14 e 18, dependendo da época do
ano, foram formadas a partir das barragens, pelos cordões are-
nosos, de cursos d’água originados nos tabuleiros sedimenta-
res. Algumas destas lagoas ainda existem, como a de Cabiúnas
e Carapebus, embora outras mais antigas ou com maior grau
de colmatação, já tenham desaparecido, uma vez que o lençol
freático se encontra próximo à superfície, eventualmente aflo-
rando em períodos de maior índice pluviométrico(39, 44).


O resultado de todas estas coletas culminou com o lan-
çamento do livro “O Tempo e a Restinga” no dia 18 de fevereiro
de 2016, no Palácio Cultural Carlos Martins, em São João da
Barra, patrocinado pela Prumo Global Logística (hoje Porto do
Açu), empresa que desenvolve e administra o referido porto. O
livro foi coordenado por Maria das Graças Machado Freire e Vi-
cente Mussi-Dias, professores do ISECENSA (Institutos Supe-
riores de Ensino do Censa), de Campos dos Goytacazes, tendo
também como autores o engenheiro Florestal Daniel Ferreira do


Nascimento e a especialista em fotografia Geisa Márcia Barce-
llos de Siqueira.

O Tempo e a Restinga (34) é o primeiro livro que descreve
e apresenta as espécies vegetais que ocorrem nas restingas de
São João da Barra. Ele destaca as ações de conservação rea-
lizadas na região que possuem como um dos principais exem-
plos a criação da RPPN Fazenda Caruara, criada voluntariamen-
te e mantida pela Prumo no entorno do Porto do Açu.

O livro resgata o que foi, e a importância atual, da restinga
para a região. É o primeiro que une o passado e o presente com
projeções para o futuro, induzindo os leitores a conhecerem e
preservarem este ecossistema. Ele foi construído com base em
quatro pilares: o nostálgico, que mostra o passado local; o am-
biental, com a proteção, preservação e recuperação da restinga;
o científico, com o estudo da biodiversidade; e a sensibilidade,
através das fotografias que mostram a restinga. A versão on-
line encontra-se disponível para download gratuito no site do
ISSUU Digital Platform: https://issuu.com/otempoearestinga.

Após apresentarmos as plantas de restinga, iniciamos
os preparativos para a apresentação dos fungos endofíticos,
principal objetivo de nossos trabalhos. Com isso a incansável
pesquisa iniciada em 2013 proporcionou a criação de uma linha
de pesquisa a partir da bioprospecção desses fungos endofíti-
cos. Só para início, foi possível catalogar mais de 1700 isolados
de fungos, os quais estão sendo mantidos na Micoteca do LA-
QUIBIO (Laboratório de Química e Biomoléculas do ISECENSA).
A manutenção desses organismos armazenados e vivos tem
uma importante finalidade para fins de pesquisa.

Dezenas de nossos fungos já foram identificados e é cres-
cente o interesse por microrganismos endofíticos como fonte de
compostos bioativos naturais. Isto se deve, em parte, ao fato de
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