Restinga Paralela = Parallel Restinga

(Vicente Mussi-Dias) #1

cação dos contaminantes, existindo, para isso, vários métodos
para a retirada de substâncias recalcitrantes do meio ambiente.
As opções vão desde a construção de barreiras físicas, lavagem
ou ventilação do solo contaminado, até o uso de técnicas bioló-
gicas. Esta última, a biorremediação, consiste na utilização de
processos desencadeados por organismos vivos que possuem
a capacidade de modificar ou decompor determinados poluen-
tes, transformando-os em substâncias inertes (70).


Alguns tipos de tratamento para biodegradar os po-
luentes, são apontados:



  • “in situ” (no seu lugar de origem), onde não há necessidade e/
    ou possibilidade de remoção do material;

  • “ad situ” (fora do lugar de origem), quando os resíduos são
    levados para local próximo da área impactada, e;

  • “ex situ” (fora do lugar de origem), quando o resíduo é trans-
    portado para um local adequado para remediação (71).


Vários são os microrganismos responsáveis por dimi-
nuir a contaminação do ambiente, dentre eles estão as bacté-
rias, os fungos e as leveduras. Embora muitos destes tenham
a necessidade nutricional igual a nossa, outros metabolizam
substâncias como metais pesados, petróleo, enxofre, gás nitro-
gênio e mercúrio, entre outros (65).


Há um interesse particular em encontrar um micror-
ganismo com elevado potencial degradante que seja nativo
do local contaminado por apresentar maior adaptabilidade ao
meio, ser mais resistente às variações ambientais locais e me-
nos suscetível às variações genéticas causadas por estresse
no meio (72). Por outro lado, deve-se levar em consideração que
os fatores ambientais, a biodisponibilidade dos poluentes e as
propriedades intrínsecas estruturais da substância poluidora
determinam o grau de velocidade da degradação (73).


A bioprospecção de microrganismos é um dos focos
principais nos dias atuais e vem auxiliando positivamente nos
programas relacionados à gestão de áreas contaminadas, o que
facilita a seleção de microrganismos competentes na degrada-
ção de compostos poluidores (74).


O consórcio microbiano constituído de bactérias e
fungos, é a melhor representação para serem usados num am-
biente real contaminado (75), pois se por um lado os fungos so-
brevivem e crescem em meios com concentrações elevadas de
compostos recalcitrantes e são capazes de utilizá-los como
fonte de energia(76), as bactérias, por sua vez, possuem carac-
terísticas que propiciam sua adaptação a várias condições am-
bientais e apresentam crescimento rápido, versatilidade meta-
bólica e plasticidade genética (77). Assim, quando em conjunto


apresentam maior assimilação de misturas complexas de hi-
drocarbonetos, como aqueles presentes no petróleo e deriva-
dos, pela ampliação de mecanismos enzimáticos específicos
necessários à degradação desses compostos, bem como pela
complementaridade metabólica, já que o cometabólito trans-
formado por uma determinada espécie pode resultar em uma
substância útil para a outra (78).

A literatura cita os gêneros mais comuns de bacté-
rias estudadas na biorremediação como: Achromobacter, Aci-
netobacter, Arthrobacter, Alcaligenes, Bacillus, Brevibacterium,
Chromobacterium, Corynebacterium, Flavobacterium, Micro-
coccus, Microbacterium, Mycobacterium, Nocardia, Pseudo-
monas, Rhodococcus, Serratia, Streptomyces, Staphylococcus
e Vibrio (79). E, entre os fungos, os gêneros: Acremonium, Asper-
gillus, Candida, Chrysosporium, Cladosporium, Fusarium, Geo-
trichum, Mortierella, Penicillium, Rhodotorula, Saccharomyces,
Trichoderma, Trichosporon, Mucor, Rhizopus e Phanerochaete
(74 , 80, 81).

A importância dos fungos para a biorremediação de
ambientes contaminados tem sido ressaltada devido à capa-
cidade desses organismos de produzir peroxidases e fenolo-
xidases. Essas enzimas têm sido avaliadas para tratamento
enzimático de diferentes tipos de contaminantes (82). Os trata-
mentos enzimáticos apresentam vantagens sobre processos
convencionais tais como seletividade e eficiência, mesmo em
baixas concentrações.

Nos ambientes naturais, a maior parte da matéria or-
gânica é mineralizada aerobicamente, mas este processo pode
ocorrer também na ausência de oxigênio envolvendo microrga-
nismos versáteis e singulares bioquimicamente (83). Entretanto,
a degradação microbiana do petróleo e de seus produtos refi-
nados é muito mais rápida em condições aeróbicas do que em
condições anaeróbicas (84).

Diante da grande diversidade de fungos endofíticos de
restinga coletada em nosso trabalho, acredita-se que a bior-
remediação, que já teve sua eficiência comprovada em outros
países, possa ser um alvo de estudo próspero, que merece aten-
ção e investimento.
Free download pdf