Formação da planície fluviomarinha do Paraíba do Sul 4200 anos antes do presente, se-
gundo Martin Suguio, Dominguez e Flexor
Formation of the fluvial marine plain of Paraíba do Sul 4,200 years before the present, accor-
ding to Martin, Suguio, Dominguez and Flexor
correspondendo à atual lagoa do Pires. A lagoa Preta
recebe o nome de lagoa do Valão e a lagoa da Casa
Velha-Ubatuba continua denominada de lagoa de
Jagoroaba, tanto quanto o canal projetado e execu-
tado por Marcelino Ramos da Silva. Entre o Cabo de
São Tomé e Manguinhos, foram assinaladas a lagoa
do Açu (ainda denominada rio Açu), Salgada, Taí Pe-
queno, Iquipari, de Grussaí (equivocadamente anota-
da como rio do Veiga) e do Campelo(47).
Cientistas da Universidade Federal Flumi-
nense vêm desenvolvendo uma intensa atividade de
pesquisa nas lagoas costeiras da restinga sul desde
os anos 1980. Graças a ela, as lagoas de Imboacica,
Cabiúnas, Comprida e Carapebus incluem-se entre
as mais estudadas do Brasil. Das quatro, a de Im-
boacica é que se encontra em condições ambientais
críticas quanto à poluição, à eutrofização e ao as-
soreamento. As outras também correm riscos. Tais
estudos já renderam muitos trabalhos escritos(48),
inclusive um livro de sumo significado(49). A restinga
norte, por outro lado, não têm merecido tantos es-
tudos. Caberia mencionar apenas os casos das la-
goas de Iquipari e Gruçaí, sobre a qual cientistas da
Universidade Estadual do Norte Fluminense debru-
çaram-se com mais interesse(50).
Plantas e animais. Talvez o primeiro cientis-
ta a se dedicar mais sistematicamente ao estudo da
dimensão biótica das restingas do norte fluminense
tenha sido o botânico campista Alberto José de Sam-
paio. Em 1915, ele publicou vários pequenos estudos
sobre as avenidas naturais, do efeito dos ventos so-
bre a vegetação e do comportamento de saúvas no
cômoro das restingas de Gruçaí e Atafona(51, 52, 53). Em
Fitogeografia do Brasil, livro resultante de um curso
ministrado no Museu Nacional em 1932, o botânico
divide as formações vegetais nativas em duas gran-
des províncias: a flora amazônica ou hileia brasileira
e a flora geral do Brasil ou extra-amazônica. Por esta
classificação, as formações vegetais nativas não-
-amazônicas só adquirem sentido em função da hi-
leia. Mesmo assim, Alberto Sampaio se esforçou por
traçar uma tipologia que permitisse compreender a
flora americana no Brasil. A flora extra-amazônica é
dividida em seis zonas, uma delas sendo a zona ma-
rítima. Esta subdivide-se em flora marinha, flora das
ilhas costeiras e afastadas e flora halófila ou litorânea.
No entendimento do autor, esta última subdivisão en-
globa a flora dos manguezais e a flora psamófila, esta
típica das areias de restingas e dunas(46).