SOB PRESSÃO
Emboracientistas questionem se vírus podem ou não ser consi-
derados seres vivos, já que são acelulares, esses microrganismos
estão sujeitos às mesmas pressões seletivas que todos os outros
animais. “O vírus está cumprindo opapel dele eestá evoluindo
parasobreviver” ,pontuaapesquisadoraAna Tereza Vasconcelos,
chefedoLaboratório de Bioinformática do Laboratório Nacional
de Computação Científica (LNCC).Éessa pressão seletivaque faza
maioria das mutações preocupantes ocorrerem na proteína spike.
“Em geral, genes que codificam asuperfície do vírus sofrem uma
pressão seletivamaior por causa da interação comosnossos an-
ticorpos”, explicaPaola Rezende.Essas modificações podem servir
tanto parafacilitaraentrada do vírus nacélula quanto para“enga-
nar” nossas defesas. Quando uma pessoa éinfectada, os anticor-
pos criam memória para, casooinvasor apareça de novo,poderem
reagir melhoremais rápido.
Poresse motivo, falar em númeroderecuperados ou apostar na
disseminação descontrolada do vírus como tentativadealcançar
uma suposta imunidadecoletivapode ser perigoso: ao se deparar
comosanticorpos de alguém que já tenha memória imunológica,
os vírus que tenham tido alguma modificação que possa enganá-
-la irão sobreviver .Mesmo que não sejaforte osuficiente parain-
fectar apessoa comanticorpos, omicror ganismo mutante pode
contaminar alguém que ainda não teve contatocomadoençaese
perpetuar—inclusivevoltando em maior quantidadeeforça para
infectarovetor original.