COMBO SAUDE - VOLUME 1

(O LIVREIRO) #1

Se ficar atris de comida se transformar na ativi-
dade central deste período, uma das consequências
mais óbvias pode ser o acúmulo considerável de
peso — potencializado pelo fato de que nem todo
mundo tem conseguido se manter engajado numa
rotina de atividade física dentro de casa. Em atendi-
mentos online. Lara já identificou essa queixa. Na
verdade, ela vem sendo reportada por gente do
mundo inteira “O ganho de peso tem repercussões
físicas e mentais", esclarece Christina. da ABP. Do
ponto de vista psicológico, a medica menciona a in-
satisfação com a imagem corporal, capaz de contri-
buir para o surgimento de quadros de ansiedade e
depressão ou agravá-los. Fora isso. existe o famoso
elo entre a obesidade e diversas doenças, como dia-
betes. hipertensão, gordura no fígado...
I ioje. o que tem se ressaltado bastante é a influ-
ência do peso na própria Covid-19. É que diversas
publicações cientificas colocam a obesidade como
um fator de risco relevante para desenvolver as for-
mas mais graves da doença causada pelo coronavi-
rus. Um desses trabalhos, conduzido por cientistas
da Alemanha, do Reino Unido e dos Estados Unidos
c divulgado na Nature Revie-ws Endocrinology. traz
algumas prováveis explicações. Segundo os autores,
a obesidade c relacionada a disfunções respiratórias,
a cxcmplodc maior resistência nas vias aéreas, pre-
juízos na troca de gases e fraqueza nos másculas en-
solvidos no ato de respirar. Essas condições facilita-
riatn o ataque do vírus aos pulmões. Muitos
especialistas recordam ainda que. por si só. a obesi-
dade incita um estado dc inflamação no corpo, o que
seria exacerbado na presença do Sars-CoV-2.
Por essas e outras, faz sentido encontrar manei-
ras dc viver esse “novo normal" com mais equilí-
brio. Principalmente porque ninguém sabe ao certo
por quanto tempo o agente infeccioso vai atormen-
tar o planeta - e novas temporadas dc confína-
inento podem ser essenciais até a descoberta de um
remédio eficiente ou do surgimento dc uma vacina
contra ele. “É preciso aprender a se reconectar e se
escutar. O ideal c permanecer longe da mentalida-
de dc dieta restrita", aconselha Sophie.
Uma sugestão dc Lara é realizar um planejamen-
to alimentar que não envolva só as refeições princi-
pais, mas os lanchinhos também. “Caso contrario,
abrimos o armário e comemos o que tem lá“. argu-
menta. Aliás, essa programação tem tudo para tor-
nar a lista de compras automaticamente mais equili-
brada. Outra estratégia válida é deixar à mão
alimentos como f rutas, oleaginosas, iogurte, c por ai
vai. “O primeiro a ser visto é sempre o escolhido"
brinca. Então, que seja uma banana cm vez dc um
pacote de bolachas recheadas, ano?


Apesar de a rotina de uma parcela da população
estar do avesso, mais uma medida essencial c tentar
colocar o mínimo dc ordem na bagunça. “Tenho pa-
ciente que está almoçando às 17 horas e jantando às
2 da madrugada", compartilha Christina. Ela diz que
é importante manter os horários de certas atividades
mais definidos. Nessa programação, a médica cha-
ma atenção especial para o sono — outro hábito que
anda todo desregulado atualmente.
Nesse sentido, pesquisadores da Universidade
Grand Canyon, nos Estados Unidos, chegaram a in-
cluir o descanso inadequado entre as fatores de risco
para o ganho dc peso na quarentena. Isso depois dc
avaliarem questionários que foram enviados para
orca de 1200 pessoas via Eacvbook. Não é de agora
que se estabelece essa conexão. Segundo Christina.
já foi demonstrado que a privação de sono reduz os
níveis do hormônio da saciedade, enquanto aumenta
os da fome. Resultado: um apetite indomável.
Não dá para se esquecer do grande calcanhar de
aquiles da comilança: o turbilhão dc sentimentos im-
pulsionado pelo isolamento. Para lidar com eles,
uma das recomendações é investir em válvulas dc
escape que não fiquem para os lados da cozinha.
“Que tal arrumar os armários, ligar para os amigos,
ouvir música ou tomar um banho quente?", cita
Christina. “Aposte cm atividades dc relaxamento,
conto meditação", reforça Lara.
Para a hora das refeições, a dica c se alimentar
com atenção plena. “Preste atenção na cor, no sabor,
na textura C no aroma do que está comendo. Dedi-
quc-sc cxclusivamcntc a esse momento", receita
Ana. Há fortes indícios de que evitar distrações à
mesa favorece a noção da saciedade e reduz a proba-
bilidade dc um consumo exagerado. Mais: sc curtir,
aventure-se entre pandas e fogões. “Resgate receitas
dc familia". encoraja a professora da PUC-RS. Quem
se arrisca a cozinheiro tira mais proveito dc ingre-
dientes frescos, minimamente processados e vanta-
josos para a saúde, criando também uma ligação dc
mais harmonia com a comida.
Se estratégias assim não forem suficientes para
aplacar a fissura por mastigar o dia inteiro, compen-
sa procurar auxílio especializado. Durante a pande-
mia. o Conselho Federal dc Nutricionistas liberou os
atendimentos online - e há médicos e psicólogos
fazendo consulta a distância lambem. “Nosso papel
é. mais do que nunca, auxiliar as pessoas a melhora-
rem sua relação com a comida", defende Ana. Para
Marcela. do Ambulim, o primordial c buscar profis-
sionais que tenham experiência cm lidar com trans-
tornos alimentares. Tudo para evitar uma prescrição
dc dieta nesta fase. Para quem anda devorando as
emoções, o buraco é mais embaixa •

COMPULSÃO É
OUTRA COISA
Embora a pandemia
do novo corooavwus
tenha contribuído
paro os epòodios
de descontrole
frente â comida,
isso noo significa
que o indivíduo
sofra do transtorno
decompulsoo
alimentar. Esse
quodroê definido
por a toques de
gula que levam oo
consumo de uma
quontidade obsurda
de comido (às vezes
a mgestáo chega
o 15 mil calorias).
Eles duram
poucos minutos
e. em geral, sâo
escondidos. Levo se
em conta ainda
a frequência dos
oc es sos de exagero.
*0 diagnostico
ocontece quando
ho um eptsodio por
semana durante
pelo menos três
meses'. esclarece
Christina. da ABP.
"Nesses casos,
e fundamenlol
ter o apoio de
nutnoomsta,
psicólogo e
psiquiatra, todos
especKJhzodos
em transtornos
olimentores",
oriento Marcela,
do Ambulim Na
pandemia, quem
convive com esse
ou outro quodro
(como anorexia)
deve manter o
tratamento a risca.

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