COMBO SAUDE - VOLUME 1

(O LIVREIRO) #1

0 BEABA


DOS


Mesmo sendo o vice-campeào
mundial em casos de Covid-19,
o Brasil ainda pena para testar
as pessoas. Entenda por que
isso é decisivo na pandemia e
quando vale ir atrás dos exames

IC0Ü MAURÍCIO BR UM e JULIANA
CO*
óesçr, EDUARDO PKjNATA
tolo*. HARMPET1. TETRA MAGES
e WESTEND61GETTYIMAGES

T


estar. testar c testar. A frase de Tcdros
Adhanom, o diretor-geral da Organiza-
ção Mundial da Saúde (OMS! virou um
mantra na batalha contra o coronavirus.
Passados três meses da declaração, o
Brasil sofre para cumprir a diretriz: tornou-se o se-
gundo pais com mais casos da doença, mas ocupa o
15* lugar na lista das nações que mais fazem exames
para detectar o patógeno na população. Na última
semana de maio, o Ministério da Saúde atualizou
sua contagem de testes RT-PCR feitos na rede públi-
ca. Também chamados de moleculares, eles são os
mais precisos para flagrar o vírus ativo. O cálculo
ofkial, que não inclui os testes rápidos c focados cm
anticorpos e é divulgado em intervalos irregulares,
indica pouco mais de 870 mil exames, o que significa
que apenas 0.4% dos cidadãos foram avaliados.
Mas todo brasileiro teria que fazer um exame
mesmo? Ou devíamos investigar só quem tem sin-
tomas como tosse e febre, por exemplo? "Quanto
mais testes forem feitos, mais se tem noção da evo-
lução c maior a chance de controlar a doença", ex-
plica Emerson Gasparetto. vice-presidente da área

médica da Dasa. grupo que fez parceria com o go-
verno federal para lançar o Centro de Diagnóstico
Emcrgencial para Covid-19 com o objetivo de ace-
lerar a capacidade de processamento de testes no
pais. O Ministério da Saúde concorda. "É necessá-
rio realizar um grande número de testes para a
compreensão do padrão da epidemia e para o con-
trole da transmissão", reforça cm nota enviada a
VEJA SAÚDE. Uma testagem massiva. entende o
órgão, permite que o sistema de vigilância seja ca-
paz de identificar novos focos da doença c isolá-los
a tempo, minimizando o impacto das formas mais
graves da Covid-19 e a sobrecarga nos hospitais.
O desafio e botar essa politica cm prática, ainda
mais em um contexto marcado por dúvidas, discre-
pâncias regionais c limitações de verba. Desde o
diagnóstico do primeiro caso no Brasil, registrado
em Sào Paulo no dia 26 de fevereiro, diversas dificul-
dades se somaram: os melhores testes (os PCR) são
escassos e. em sua maioria, só aplicados em pessoas
internadas, participantes de pesquisa ou atendidas
em redes sentinelas, unidades de saúde que fazem o
exame em áreas selecionadas. A falta de equipamen-
tos c reagentes para processá-los cm tempo hábil
também prejudica o monitoramento em massa.
"Em um momento de pandemia no qual os Esta-
dos Unidos, a Europa c a China estão comprando
tudo, sobra pouco para nós", observa o infectologis
ta Alcssandro Pasqualotto. professor da Universida-
de Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre. “Às
vezes você não consegue importar maquinário. às
vezes não consegue o insumo. É um cenário muito
critico", pontua. Dai a mobilização da própria Orga-
nização das Nações Unidas (ONU) para paises cm
desenvolvimento criarem condições de produzir lo-
calmente recursos que vão de equipamentos de pro-
teção para profissionais de saúde a dispositivos de
diagnóstico e tratamento. Hoje, mesmo quando há
condições de fazer o teste molecular. não raro a falta
de estrutura atrasa os resultados. Pasqualotto diz
que não adianta realizar o PCR e o laudo voltar em
dez dias. O ideal c sair no máximo cm 48 horas.
Diante de tantos obstáculos, quem ganhou espa-
ço foram os testes rápidos ou sorológicos. feitos com
uma pequena amostra de sangue c que dão resultado
em minutos. Mas, sozinhos, eles não resolvem a pa-
rada. Os mais utilizados no Brasil detectam anticor-
pos formados cm reação ao vírus, c. cm muitos ca-
sos. a infecção está em remissão ou até foi embora.
Do ponto de vista coletivo, seria importante mirar as
situações em que o virus está realmente ativo, até
porque a porcentagem da população já infectada é
baixa. "Na fase cm que o Brasil está, o PCR ainda c o
mais importante", aflrma Gasparetto. ®

VtJASAUDt IUNHOJOJO
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