COMBO SAUDE - VOLUME 1

(O LIVREIRO) #1

ACOVID- 19


EGRAVE OU
NÀO PARA AS


CRIANÇAS?
O que se sabe afeo
momento sobre a
rea^ào nos pequenos


A noticia de que
tasos «veros de
cofonavwusna
infanda apareceram
nos Estados Unidos
assustou muitos
pais. Mos e preciso
botoc a história no
devido contexto.
Segundo o pediatra
e infcctologisio
Renato Kfouri. da
SBP. quodros graves
de Covid 19 ocorrem
em menos de 05%
entre crianças abaixo
de 10 anos. Soo raros.
Uma imuntdode mois
imaturo e a menor
presença de portas
de entrada para o
vírus nos pulmões
podem exphcor essa
maior proteção. O
que chama a atençoo
dos médicos agora ê
o surgimento, após
a infecção, de uma
doença inflamatooa e
sistêmica semelhante
a smdrome de
Kawasaki Assim, se
levanta a hipótese
de que. em algumas
poucos crianças
que tiveram contato
com o patõgeno. o
organismo possa
ser olvo de uma
complicação tardia
e potenoolmente
grave. Mas os estudos
são inconclusivos
por oro.


Segundo posicionamento da SBP, é preciso admi-
tir que os alternativas ao ensino adotadas de forma
cmcrgcncial não serão suficientes para substituir in-
tegralmente a escola e que pode haver um retrocesso
na trajetória dc aprendizado. Por isso, cabe aos pro-
fessores c pais se engajar em minimizar os percalços
durante a quarentena, e. às instituições e aos gover-
nos. planejar estratégias para suprir as defasagens
pós-pandemia. A despeito dos desafias educacio-
nais. a família tem papel protagonista no controle
dos impactos emocionais do isolamento social, in-
clusive para as crianças acima dos 7 anos, que já pas-
sam a ter urna compreensão maior da situação
Em um mundo de acesso fácil ã informação, é im-
portante que os adultos orientem a garotada em
meio ao fiuxo dc noticias c dc sentimentos que pin-
tam com a Covid-19. “O medo da contaminação e a
ameaça à vida podem gerar muita ansiedade, sinto-
mas dc obsessividade c ate desencadear o apareci-
mento de um transtorno em quem já tem alguma
suscetibilidade", avisa Zandoná Santos. O que fazer?
A saida inclui diálogos honestos, acolhimento e
atenção ao comportamento dos mais novos.
Um cno ainda comum, apontam os experts. c
menosprezar a presença da ansiedade e da depres-
são na infância. Elas nào sâo exclusividade dc adul-
tos. não. "A expressão c diferente, mas a intensidade
pode ser a mesma* nota o psiquiatra do Einstein.
Como crianças podem ter mais dificuldade dc ver-
balizar suas angústias, vale a pena ficar de olho no
surgimento e na persistência de sinais dc sofrimento
psíquico. "Repare se o sono delas estã alterado de-
mais. se não conseguem brincar ou se concentrar, se
há muitos episódios dc choro uu se tudo isso está in-
terferindo nos estudos", exemplifica Polanczyk.
O sono, aliás, é um capitulo à parte. A começar
pelo fato dc ele ser um dos primeiros a serem preju-
dicados com períodos de estresse. Só que o repouso
noturno é crucial para o aprendizado — é ao donnir
que o cérebro consolida as memórias. Dc acordo
com um documento do Núcleo Ciência pela Infinda
sobre as repercussões da pandemia entre os peque-
nos. há inúmeras evidências da influencia do sono
no desenvolvimento cognitivo e emocional. Dai a
necessidade dc continuar zelando pelas noites da
criançada. Na prática, isso passa por estabelecer ho-
rários para acordar, se alimentar, realizar as ativida-
des c ir para a cama (num ambiente silencioso c cs-
curinho, por favor). A rotina cria a noçào de
previsibilidade c segurança tão estimada pelos fi-
lhos. Tranquilos, eles dormem melhor.
No dia a dia. Polanczyk aconselha aos pais nào
querer bancar a toda hora o rccrcador ou o profes-
sor. além de assumir que o momento atual é de

A expressão da
ansiedade e da depressão
na infanda tende a
ser diferente, mas a
intensidade pode ser a
mesma que a dos adultos

aprendizado para todos. Ainda assim, é recomendá-
vel falar sempre a verdade c dar explicações dc acor-
do com a maturidade de cada um. “E cuidado com as
fantasias das crianças. È preciso ouvir u que elas es-
tão imaginando para mostrar como lidar com as coi-
sas e. em vez de negação. ensinar atitudes de enfren-
lamento", prescreve Zandoná Santos.

Problema de saúde publica
Escalando alem dos desa fios particulares, já sc visu-
aliza um drama coletivo que se aprofunda com a
pandemia: a desigualdade social tem potencial dc
gerar ainda mais transtornos psicológicos na infân-
cia. Segundo uma projeção do Eundo de População
das Nações Unidas. três meses dc quarentena podem
resultar em um acréscimo de 15 milhões de casos de
violência doméstica. Soma-se ao ambiente restrito e
tóxico para as crianças a falta dc atividades c ate
mesmo de alimentação, já que a merenda escolar
pode representar a mais importante ou única refei-
ção do dia. “De alguma forma, as que iam para as
creches se sentiam mais acolhidas e em um espaço
seguro, com a figura dc uma pessoa sensata c prote-
tora que as estimulava", observa Polanczyk.
Com o isolamento social e a crise econômica que
respinga no orçamento c no equilíbrio domestico,
muitos brasileirinhos correm o risco de ter um fatu-
ro árduo pela frente. "Isso tudo pode sc refletir cm
mais casos dc depressão, uso de substâncias tóxicas
e violência", diz o professor da USP. É uma demanda
que os serviços dc saúde mental sofrerão para aten-
der: hoje se estima que 80% das crianças com um
problema do tipo não tenham suporte adequado por
aqui. "Devido ã pandemia, visitas dc apoio psicoló-
gico nas comunidades carentes foram interrompi-
das. c o Estado, que deveria prover direitos funda-
mentais como a alimentação, não está dando
respostas efetivas", aponta llamar Gonçalves, geren-
te da Childhood Brasil. Eis uma tarefa a sc priorizar
hoje para nào ser tarde demais amanhã. •

VIJA SAUOI UNHO 2020
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