COMBO SAUDE - VOLUME 1

(O LIVREIRO) #1

^ião


" podendo ir a


restaurantes


e cozinhando


O


coronavirus está transformando
hábitos de consumo em todos os
sentidos. Aqui c lá fora, com as
pessoas mais confinadas, mudou o
jeito de comprar, cozinhar e comer. E
é diante de uma necessidade ou de um novo olhar

em casa na
pandemia,

cada


vez mais


brasileiros


compram
frutas,

hortaliças


e itens


para o mundo, a saúde c o meio ambiente que
muitos brasileiros passaram a adotar uma
tendência global conhecida como farmioiable.
expressão cm inglês que pode ser traduzida como
"da fazenda à mesa". F.la se refere ã compra de
alimentos direto com o produtor — às vezes
mediada por serviços online que fazem a conexão
entre as partes c a entrega. Seus adeptos acreditam
que, desse modo, nào só levam ã mesa mais
alimentos frescos e de qualidade como ainda
contribuem com o orçamento de pequenos
agricultores c com práticas mais sustentáveis
neste momento tào desafiador.
“Com as pessoas em casa, há mais disponibili-
dade de tempo c a possibilidade de se alimentar
mais junto à família. É diferente desse ritmo frené-
tico da vida moderna, em que aparece tanto fasl-

artesanais



  • food e junk food". observa o medico Durval Ribas


de pequenos


produtores.


Aprenda
a tirar o

melhor


proveito
disso

Filho, presidente da Associação Brasileira de Nu-
trologia (Abrank citando o alto consumo de produ-
tos industrializados e comida pronta no pais. Em-

l«JO MAURÍCIO BR UM
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bora nem todos os lares tenham conseguido
abraçar um cardápio mais saudável durante a pan-
demia. o hábito de preparar as próprias refeições
estimula um número crescente de pessoas a pensar
no que estão comendo e nas origens do que vai à
panela e. logo em seguida, ao prato.
“Os dados ainda são preliminares, mas o que se
ve são alguns aumentos no percentual de brasileiros
consumindo alimentos frescos e minimamente pro-
cessados". aflnna a epidemiologista nutricional Re-
nata Lcvy. da Universidade de São Paulo (USPX Ela é
uma das pesquisadoras responsáveis pelo projeto
NutriNet Brasil, que busca mapear os hábitos ali-
mentares da nossa população e como eles estão as-
sociados ao aumento ou á redução de diversas
doenças. Iniciado em janeiro, o estudo já conta com
mais de 74 mil participantes voluntários, que res-
ponderam a questionários no inicio do ano e cm
abril, já com a pandemia em curso.
Ainda que a ingestão de alimentos ultraproces-
sados (salgadinho, bolacha recheada, macarrão
instantâneo etc.) tenha se mantido estável nesse in-
tervalo de três meses, os cientistas do NutriNet
Brasil notaram maior frequência nas referências ao
consumo de frutas, verduras, legumes c feijão. MO

aumento nesses itens perecíveis pode indicar que
as pessoas realmente começaram a cozinhar mais
em casa", avalia Renata. A maior procura por so-
luções "caseiras" ou "saudáveis" cm meio à crise c
sentida até mesmo por lojas e restaurantes que ofe-
recem opções orgânicas (outro segmento cm as-
censão). "Nossos principais clientes eram as pes-
soas que trabalhavam por perto, estavam fora de
casa e nào podiam preparar sua comida. Agora elas
compram os próprios produtos c têm mais tempo
para se dedicar â cozinha", relata Thiago Flores,
proprietário do restaurante Prato Verde, em Porto
Alegre, especializado em pratos vegetarianos e or-
gânicos. Mesmo com a possibilidade do delivery. o
faturamento do estabelecimento caiu 80%.
A pandemia também reinventou as formas de
adquirir os ingredientes, abrindo oportunidades
para os pequenos produtores. Com as restrições de
circulação e a redução nas idas a feiras e mercados
a fim de evitar aglomerações, despontaram c cres-
ceram serviços que fazem a ponte entre quem culti-
va e quem consome. E tem muita tecnologia envol-
vida e startups dedicadas a facilitar essa conexão.
Criada há seis anos, a Raizs teve um aumento de
250% nos usuários desde que a Covid-19 se insta-
lou no país. “O que fazemos é um processo de cor-
tar intermediários da cadeia. Em vez de passar por
diferentes distribuidores c supermercado, o ali-
mento sai da fazenda e vai para a casa do consumi-
dor". explica Tomás Abrahào, fundador da empre-
sa. especializada na venda avulsa c na assinatura
de cestas de orgânicos certificados.
Iniciativas desenvolvidas por ONGs se juntam a
esse movimento, usando o ambiente online para
aproximar produtor c consumidor final. Uma delas e
a Comida de Verdade, do Instituto de Defesa do
Consumidor (Idee). Montada em 2015 originalmen-
te como um mapeamento de feiras orgânicas, ela foi
ampliada com a pandemia c hoje permite, através do
seu site, que a gente localize e faça negócio com os
produtores mais próximos. Do lado de quem cultiva,
ajuda a identificar potenciais clientes c combinar as
entregas. É o conceito fiirm to-taNe na prática.
"A ferramenta tem sido colocada como um es-
paço fundamental para que os agricultores familia-
res possam escoar a produção”, conta o nutricio-
nista Rafael Arantes. do Idee. Em quase três meses
de funcionamento, já são mais de 50 mil usuários
consultando a plataforma todo dia. “Isso c uma
continuação de algo que já vinha de antes da pan-
demia. um aumento no interesse e na procura por
esse tipo de alimento", explica. ©

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VÍJA SAUDt JULHO 2020 17
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