COMBO SAUDE - VOLUME 1

(O LIVREIRO) #1

PARAR


Diagnósticos, cirurgias e outros tratamentos


foram afetados pela pandemia, mas, em muitos


casos, o combate aos tumores nào pode esperar.


Entenda o que é feito para contornar a situação


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ào bastassem as tristes estatísticas de
mortes por Covid-19. os números do
impacto da pandemia cm outros
departamentos da saúde nos fazem
pensar naquela máxima de que uma
desgraça nào vem sozinha. Que o diga o combate ao
câncer. Com as redes públicas reorganizadas para
atender quem pegou o coronavirus e o próprio medo
das pessoas de se infectar, tanto a prevenção e a
detecção como o tratamento dos tumores sofreram
abalos. As sociedades brasileiras de Patologia e
Cirurgia Oncológica calculam que. entre março e
maio. 50 mil diagnósticos deixaram de ser feitos no
pais. É uma cifra que pode ser ainda maior, se
considerarmos a projeção do Instituto Nacional de
Câncer (Inca) de 600 mil novos casos da doença por
ano. „Podemos pensar que estamos com ao menos
um quarto desse total de pessoas que precisam dc
atendimento prejudicado", avalia o oncologista
Gekio Mendes, coordenador de assistência do Inca.
"É uma situação muito preocupante, porque o
câncer nào vai esperar a pandemia passar", afirma
Viclor Piana dc Andrade, diretor medico c superin-
tendente de operações do A.C.Camargo Câncer
Center. em Sâo Paulo, onde o volume de primeiras
consultas chegou a cair 80% cm abril. Nos Estados
Unidos, mais ã frente na pandemia, reduções drásti-


cas nos exames dc rastreamento mostram cenário
semelhante — 70% a menos dc mamografias c 90%
a menos de colonoscopias só em Nova York. Voltan-
do ao Brasil, estima-se que até 90 mil cidadãos te-
nham deixado dc fazer uma biópsia.
A falta ou o atraso dos exames assustam: a doen-
ça pode se manifestar lá na frente, em estágio avan-
çado c com poucas perspectivas dc cura. Nào é à toa
que o Instituto Nacional dc Câncer dos EUA aponta
cerca de 10 mil mortes extras por tumores entre
2020 e 2030. Mobilização e conscientização para
reverter essas previsões sâo decisivas porque, por
trás dos números, existem pessoas que podem ser
salvas, como a santista Juliana Eefln. de 40 anos. Em
março, no inicio da epidemia por aqui, ela notou um
caroço dolorido c rígido no seio, diferente dos nódu-
los anteriores. “Sabia que algo estava errado, mas os
hospitais da minha região haviam parado de aceitar
novos pacientes c alguns nâo agendavam consultas",
recorda. Com a ajuda de um familiar médico, conse-
guiu fazer a mamografia, mas teve o atendimento
negado no primeiro hospital para o qual ligou, cm
Santos, c teve que subir a serra para se consultar no
A.C.Camargo. Na capital paulista, descobriu um
câncer dc numa agressivo, mas com boas chances
dc cura se identificado prccoccmcntc — o que
fdizmente ocorreu no caso dela. ®

VE|A SAUDE IUIH0 1010

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