COMBO SAUDE - VOLUME 1

(O LIVREIRO) #1

li


FUJA DOS


RADICALISMOS


Por vários motivos, cardápios restritivos
sempre geraram aversão entre parcela
considerável dos nutricionistas. Para
começar, esses menus não inspiram
mudanças capazes de serem seguidas
pela vida inteira. Aí, embora o indivíduo
veja resultados satisfatórios no início,
acaba preso a um efeito ioiô. Suas
propostas costumam ter um foco
específico (cortar os carboidratos,
esquecer a lactose, turbinar a
ingestão de gorduras etc.), ou seja,
não contemplam todas as nuances
associadas ao ato de se alimentar -
incluindo o tão valoroso prazer. Não à
toa, quando a pandemia se alastrou,
permanecer dentro de casa com tanto
alimento disponível (e a ansiedade
disparada) foi um martírio sobretudo
para aqueles que nunca conseguiram
estabelecer uma relação serena com
a comida. “A restrição leva ao exagero
depois”, afirma Sophie. A nutricionista
alega que a alimentação deve retornar
ao básico e ser menos estressante. “O
certo é pensar nela de forma global,
respeitando o corpo e a saúde", define.
Se você está confuso diante das
refeições e espera reencontrar o eixo,
a boa pedida é buscar o auxílio de um
especialista - desses que respeitam o
lado emocional do comer.

PEGUE LEVE NA


PROTEÍNA ANIMAL


Esse comportamento já vinha sendoreferido como positivo, já que estudos
têm ligado o abuso de carne vermelha
(a mais valorizada no Brasil) a um
maior risco de doenças cardíacas e
câncer. Com a pandemia, outras fontes
de proteína animal estão na mira, e por
novas razões. “Frangos e porcos atuam
como hospedeiros intermediários
e amplificadores de patõgenos que
podem ser transmitidos à população”,
avisa Cynthia Schuck Paim, doutora em
zoologia pela Universidade de Oxford,
na Inglaterra, e coordenadora científica
e de meio ambiente da Sociedade
Vegetariana Brasileira. Não é que você
vã pegar esses germes ao consumir
um filé, mas o modo de criação dos
bichos em boa parte do mundo oferece
condições para que esses micróbios se
espalhem. “Quanto maior a demanda
por produtos de origem animal,
principalmente desse tipo de sistema,
maior o risco de surgirem cepas
com potencial pandémico”, reforça
Cynthia, autora do livro Pandemias,
Saúde Global e Escolhas Pessoais (Cria
Editora). Do nosso lado, o que podemos
fazer é moderar no consumo e escalar
mais redutos de proteínas vegetais,
como grão-de-bico, ervilha, lentilha e o
nosso tradicional feijão. •

BANQUETE DE BOBAGENS


Medidas extremas que não trazem vantagens duradouras


Utilize cascas e afins


Inúmeros vegetais
merecem ser usados em
sua totalidade. Há receitas
com cascas, sementes,
folhas e talos. E vã além
da aparência. Tipos
mirrados ou estranhos
não são menos nutritivos.

Vilanizar alimentos


Fontes de carboidratos,
glúten e lactose vivem
no banco dos réus. O
primeiro item é um
nutriente essencial,
enquanto os outros só
valem ser revistos se
houver intolerância.

Exaltar ingredientes


A lista dos enaltecidos é
grande: tem goji berry,
manteiga ghee, suco
de aipo, óleo de coco e
mais uma infinidade.
A dura realidade é que
não operam milagres e o
abuso traz riscos.

Acreditar em detox


Temos órgãos para
realizar a limpeza interna,
como rins e fígado.
Portanto, nenhuma dieta,
receita ou chã vai otimizar
a eliminação de eventuais
toxinas. Detox bom
mesmo é o de fake news.

Dieta líquida


Viver de combinações
para beber destrambelha
o organismo: deixa com
fome, dá fraqueza e afeta
o humor. Como é difícil
manter o esquema, o
abandono é certo, assim
como o retorno do peso.

VEJA SAÚDE SETEMBRO 2020 35
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