COMBO SAUDE - VOLUME 1

(O LIVREIRO) #1

Robôs participam da


luta contra a Covid- 19


monitorando pacientes


internados e auxiliando


a limpeza das UTIs


Em tempos de pandemia, máquinas inteligen-
tes são mandadas a todo momento para o front na
guerra contra a Covid-19. Na Europa, robôs afe-
rem a temperatura e verificam o uso da máscara
em quem chega aos hospitais. Do outro lado do
mundo, enquanto uns modelos são programados
para monitorar o quadro clínico de pacientes, ou-
tros ficam responsáveis por desinfetar as enfer-
marias e esterilizar os instrumentos de centros
médicos da China e do Japão. Nos Estados Uni-
dos, algumas instituições estão recorrendo às má-
quinas para limpeza e desinfecção dos leitos das
UTIs com luz ultravioleta, que destrói até 99%
dos vírus e das bactérias. Com a estratégia, esses
locais ficam mais tempo protegidos e menos tra-
balhadores são expostos aos patógenos.
No Brasil, robôs de telepresença, munidos de
câmeras e sensores especiais, já substituem os hu-
manos na triagem de pacientes nas emergências,
encurtam a distância entre os doentes e seus fami-
liares nas enfermarias e reduzem o número de vi-
sitas dos médicos às UTIs. A distância, os profis-
sionais de saúde podem identificar sintomas,
transportar remédios e passar instruções, sem se
expor à contaminação. Na capital paulista, dois
modelos estão encarregados de recolher o lixo
nas alas do Hospital das Clínicas destinadas a pa-
cientes com Covid-19. “O objetivo é evitar o risco
de contaminação dos mais de 20 funcionários da
limpeza e agilizar a liberação dos 300 leitos de
UTI”, explica o radiologista Giovanni Cuido Cer-
ri, presidente da comissão de inovação do Hospi-
tal das Clínicas de São Paulo, o maior complexo
do gênero da América Latina.
Diante desses e de outros exemplos, muitos se
perguntam: como será a medicina do futuro? Os
hospitais serão quase 100% automatizados? Mé-
dicos e enfermeiros cederão seus jalecos e este-
toscópios aos robôs, só acompanhando e orien-
tando remotamente? Para o neurorradiologista

Edson Amaro Jr., responsável pela área de big
data do Hospital Israelita Albcrt Einstein, cm São
Paulo, a resposta é “não”. Assim como a telcmcdi-
cina veio complementar, e não substituir, o aten-
dimento presencial, a inteligência artificial será
uma aliada, c não uma adversária, da inteligência
humana. “A interação entre as inteligências artifi-
cial c natural, também conhecida como „inteligên-
cia aumentada‟, é o segredo por trás de diagnósti-
cos, prognósticos e tratamentos cada vez mais
eficientes e precisos”, afirma o especialista.
Nesse sentido, se engana quem pensa que a po-
pularização de robôs e plataformas de IA vá ren-
der uma medicina mais fria e massificada daqui a
alguns anos. “O futuro da medicina inclui caracte-
rísticas aparentemente discrepantes, mas que, na
realidade, são totalmente consonantes. O cuidado
com o paciente, ao contrário do que muitos pen-
sam, será cada vez mais individual e humaniza-
do”, assegura o cirurgião Sidney Klajner, presi-
dente da Sociedade Beneficente Israelita
Brasileira Albert Einstein.
Com os avanços tecnológicos, os médicos serão
capazes de dizer mais precisamente quando um in-
divíduo ficará doente antes mesmo de surgirem os
primeiros sintomas. Será o axioma “prevenir é me-
lhor do que remediar” levado às últimas conse-
quências. “A IA poderá fazer predições do tipo: se
determinado fulano não aumentar em 60% a reali-
zação de atividades físicas, a probabilidade de ele
desenvolver um problema nos rins é de 30%”, dá
um exemplo o consultor do IEEE.
A personalização também ganha pontos com
tanta tecnologia. “Do genoma ao ambiente, a IA
levará em consideração todos esses fatores na
hora de prescrevermos o medicamento ideal para
cada paciente. A expectativa é que, no futuro, o
tratamento personalizado seja muito mais eficaz
que o atual”, acredita Cerri. E esse futuro passa
pelo profissional de saúde de carne e osso, que,
com indicações e análises mais precisas na palma
da mão (ou do celular), poderá ser mais acolhedor
e assertivo com o paciente.
Enquanto essas e outras predições não viram
realidade nos consultórios e hospitais, Jacson Fres-
satto segue adiante, decidido a transformar Latira
na maior e mais eficiente solução na gestão do cui-
dado em saúde do mundo. “Vou impactar positiva-
mente a vida de mais de 1 bilhão de vidas”, prome-

VEJA SAÚDE SETEMBRO 2020 59
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