COMBO SAUDE - VOLUME 1

(O LIVREIRO) #1
Além da hidroxicloroquina. a coalizão irá tes-
tar outra linha promissora de medicamentos, os
imunomoduladores, que interferem na reação do
corpo ao vírus. A droga escolhida é a dexameta-
sona, anti-inflamatório da classe dos corticoides,
que já demonstrou efeito contra outras formas de
síndrome do desconforto respiratório agudo —
uma das piores evoluções da Covid-19. A lógica
por trás c a seguinte: qualquer infecção desperta
no organismo uma inflamação. Dai vêm sintomas
clássicos como febre e dor. Mas, com o coronaví-
rus, algumas pessoas produzem uma "tempestade
inflamatória” — e, aí, o tiro do corpo pode sair
pela culatra. “Pacientes com a forma mais grave
da doença têm uma resposta exacerbada do siste-
ma imune, que acaba atacando o próprio organis-
mo”. explica Alexandre Biasi, superintendente de
pesquisa do HCor, em São Paulo, que também
participa da Coalizão Covid Brasil.
Além dos corticoides, outros fármacos podem
regular a inflamação fora de controle, caso dos an-
ticorpos monoclonais, medicamentos injetáveis
mais modernos e capazes de bloquear moléculas
inflamatórias específicas. Um deles, o locilizuma-
be. demonstrou reduzir rapidamente a febre e me-
lhorar a função respiratória dos acometidos pela
doença. "Nosso desafio é entender quem terá essa
reação, mas sabemos que ela é importante para ex-
plicar. por exemplo, por que certos nonagenários
se recuperam e jovens precisam de terapia intensi-
va”, conta a médica Viviane Cordeiro Veiga, coor-
denadora da UTI da BP - A Beneficência Portu-
guesa de São Paulo, outro membro da coalizão.
Na rota pela cura, a Organização Mundial da
Saúde (OMS) capitaneia um estudo global, o Soli-
darity, em parceria com instituições como a brasi-
leira Fiocruz. Além de remédios com efeito anti-in-
flamatório, o projeto testará diferentes esquemas
com antivirais. São drogas já utilizadas para deter
outros vírus, mas potencialmente tóxicas quando
usadas em longo prazo (basta pensar no tratamen-
to do H1V). Fora que só inibir a multiplicação do
vírus não é garantia de recuperação. “O antiviral
pode ajudar, mas o tratamento também precisa mi-
nimizar problemas como a reação inflamatória e os
danos aos tecidos”, diz Fernando Spilki. presidente
da Sociedade Brasileira de Virologia. ®

ANTIVIRAIS

O que são
Farmocos criados originalmente
para combater outros vírus em
si Hojesõomoisesludodoso
lopinavir e o atazanavlr. que
aluam contra o HIV. o remdesivir.
feito para o ebola, e produtos
que miram o influenza, do gripe

Como agem
A ideia de praticamente todos
é bloquear alguma etapa da
replicaçõo do vírus. O mecanismo
é semelhante entre diferentes
famílias virais: o patõgeno se
apodera da cefulo do hospedeiro e
produz um monte de copias.

0 que sabe a ciência
Em laboratório, funcionaram
bem Mas os testes clínicos
apontam resultodos
contraditof ios. 0 remdesivir e o
que parece ler se soida melhor
alé aqui e foi aprovado para uso
experimental nos Estados Unidos

Para quem
Por enquanto sào usados em
caráter de pesquisa no exterior
No Brasil, os médicos podem
receiior o lamiflu, conlro o
influenza. para pacientes com
suspeita de Covid-19 alé que se
excluo o diognósiico de gripe.

[TTjvEJASAÚDE MAIO (^2020)

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