COMBO SAUDE - VOLUME 1

(O LIVREIRO) #1

RECEITA DA
PREVENÇÃO
Além de manter o
tratamento cm dia,
alguns hábitos seguem
importantes na pandemia


Alimentação
equilibrada
Priorize frutas, verduras,
legumes, gráos integrais,
peixes e carnes magras.
Evite sal e açúcar e maneire
na carne vermelha e nos
produtos processados.

Atividade
física regular
0 ideal e reservar entre
meia horo e uma hora por
dia para mexer o corpo.
Sem parques e academias,
adapte o treino para a
casa. Há aulas online.


Sono respeitado
Procure dormir entre seis
eoito horas por noite.
Tão importante quanto a
quantidade e a qualidade
do repouso. Silêncio e
escuridão a|udam. O sono
resguardo o coração.


Estresse controlado
Com a pandemia, ja
estamos naturalmentc
mais a flor do pele. Então
busque práticas de
relaxamento e respiração,
atividades de lazere.se
preciso, apoio psicologico.


Nas investigações para explicar por que os car-
diopatas estão na linha de frente do perigo, um dos
fenômenos que atormentam os especialistas é a cha-
mada "tempestade inflamatória”. No afà de derrotar
o vírus, o corpo se aulobombardeia com uma tre-
menda inflamação. Acontece que pessoas com do-
enças cardiovasculares — e hipertensos e diabéticos
fora de controle também — já têm um organismo in-
flamado. Essa tempestade pode acarretar insuficiên-
cia respiratória e, como em uni efeito dominó, des-
compasso cardíaco. É grave e UTI na certa...
“Apesar de menos frequentes, há registros de
quadros com inflamação mais graves em que o pul-
mão não está voltando 100% ao normal. E é possível
que isso também aconteça com o coração”, relata
Krakaucr. Além dos impactos, digamos, indiretos no
músculo cardíaco, uma agressão mais direta pode
ocorrer: o virus migrar pela circulação e infectar as
próprias células do coração. É a miocardite. que, se-
gundo relatos, surge em 7% dos pacientes hospitali-
zados. “Mas são casos raros e hoje não são o princi-
pal foco de atenção dos médicos", pondera o
cardiologista de Santo André. Comparando com ou-
tras complicações, a gravidade parece ser limitada.
O que preocupa bastante os médicos é que uma
parcela expressiva de brasileiros tem um combo par-
ticularmente nocivo para o sistema cardiovascular. É
aquele pacote de pressão e colesterol altos, diabetes,
excesso de peso... Em condições normais de tempe-
ratura e pressão, ele já eleva o risco de infarto e AVC.
Com um virus capaz de botar mais fogo (ou melhor,
inflamação) nas artérias, o cenário não fica nada fa-
vorável. O que só reforça a necessidade de cuidar da
alimentação, tentai- se exercitar dentro do lar diaria-
mente, checar a pressão de vez em quando...
E, claro, permanecer atento a sinais de que algo
está errado ou não vai bem. “As pessoas devem ficar
cm casa, mas, ao se sentir mal. notar uma dor no pei-
to, falta de ar ou palpitação, é preciso sair e procurar
atendimento”, alertaCaramelli. Não dá para bobear
com emergências. Essa situação, aliás, é um dos ne-
fastos efeitos colaterais da pandemia. Segundo a
SBC, muitos cardiopatas têm evitado ir aos hospitais
com medo de pegar o coronavírus. Negligenciando
sintomas de um ataque cardíaco ou uma descom-
pensação. podem morrer em casa. Não à toa. a enti-
dade lançou há pouco a campanha "De Coração,
contra o Coronavirus". "Queremos informar com

A hipertensão,
associada a pioras

em casos de Covid-19,


afeta um em cada


quatro brasileiros


qualidade e eficiência a população e os profissio-
nais”, resume Queiroga.
Nesse aspecto, é prudente ter cautela com o festi-
val de noticias e conteúdos espalhados pelas redes
sociais. Cuidado com as promessas dc soluções fá-
ceis, como chás e vitaminas, e até mesmo com o que
sai rotulado como “descoberta da ciência”. "Em virtu-
de da pandemia, existe uma demanda muito grande
por respostas rápidas, e acabam saindo estudos preli-
minares ou inadequados", conta Luciano Drager, di-
retor científico da Sociedade dc Cardiologia do Esta-
do de São Paulo (Socesp). Ele também se refere ao
fato de. frente à crise atual, muitos experimentos e
conclusões serem divulgados sem revisão dos artigos
por pares e outros especialistas. De acordo com Dra-
ger, é essencial separar pesquisas com achados váli-
dos daquelas com problemas de metodologia.
Na vigência dc algumas incertezas, a orientação
mais confiável em matéria de prevenção é ficar em
casa o máximo que der e caprichar na higiene das
mãos e dos objetos pessoais. O isolamento social é
requisito para evitar uma superlotação e colapso do
sistema de saúde, que não será capaz de atender pes-
soas que real mente precisam, inclusive as vitimas da
Covid-19 e de emergências cardiológicas. A outra
recomendação básica é manter a rotina diária de
atenção à saúde. “Indivíduos com hipertensãoe dia-
betes controlados correm menos riscos do que quem
não está medicado e controlado", observa o presi-
dente da SBC. Por isso, jamais suspenda remédios
prescritos por conta própria. Na dúvida, fale com
seu médico. Com esse novo inimigo invisível, o cora-
ção vai ficar mais sossegado se cada um seguir a
nova lista dc cuidados e não vacilar. •

VEJA SAUDE MAIO 2020 5 j
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