Nefasta
Nefasta lama
Tudo cobre, tudo arrasta,
Nada sobra, tudo mata.
Nefasta lama
Rios sufoca
Empesteia as águas
Asfixia os peixes
Enriquece os grandes.
Nefasta lama
Destrói, exclui do mapa
Memórias inteiras
Vidas (antes) intactas.
Nefasta lama
Que entristece as gentes
Empobrece o mundo
Enluta milhares
Arrasta tormentos.
Das mulheres, viúvas que
ficam
A dor escarnece, os filhos nos
braços
Amores mortos, o peito
rasgado.
Enterra vivos, os
sobreviventes.
Sujeira nos muros
As casas gritam
Os homens morrem
Berro de sangue.
Estancam-se os gritos
Com panos cor-de-rosa
A rosa não tem culpa,
Assiste
Do ouro que cega.
Lamas Gerais
Lágrimas ácidas.
Lamas Gerais no Brumado
Adriana Silva Santiago
Coletânea Elas e as Letras
Editora Versejar