EBOOK-TEMPO-DE-VOAR (1)

(MARINA MARINO) #1

para objeto, e que, embora não quisesse admitir, nada
mais era do que o gosto amargo que impusera a todos os
Continentes no escalar da História.


O desânimo abraçou a morte por cerca de vinte
minutos, tempo esse que coincidiu com mais uma crise
de tosse daquela senhora de andador. E como a atitude
que para com ela tomara teve um sabor único, inédito, a
morte se perguntou se já não estaria na hora de abrir mão
da rotina. E meneando a cabeça, perguntou como os que
nada têm a perder:



  • E por que não?...
    Os dias que se seguiram foram marcados por fatos
    inimagináveis. E os jornais do mundo não se furtaram de
    publicá-los. Os milagres, como os chamavam as
    manchetes, iam desde a queda de aviões, em que não
    havia vítimas fatais, passavam pelos tsunâmi
    arrasadores, que só deixavam estragos materiais, e
    culminavam na taxa zero de mortalidade infantil. A
    ciência quebrava a cabeça para tentar explicá-los, mas o
    máximo que conseguia era ver converterem-se mais de
    um de seus expoentes. Curiosamente, algumas vozes
    deixaram de pregar que o fim do mundo estava próximo.
    Outras, contudo, que tais fatos eram, sim, os seus
    prenúncios, e que vinham às avessas, justamente para
    tentar confundir até os mais crentes.


Fosse como fosse, a morte não se descuidava da sua
nova ocupação: Aqui, desviando os inocentes das balas

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