EBOOK-TEMPO-DE-VOAR (1)

(MARINA MARINO) #1

a fraternidade se uniu à tecnologia, que se uniu ao
trabalho, que se uniu à lavoura, e foram desaguar na
superprodução, e as mesas ficaram fartas.


Essas ingerências renderam à morte uma alegria
adicional: As suas inimigas sentiam-se injustiçadas. Ora,
uma coisa é saberem que inexistirão daqui a algum
tempo, seja ele qual for, e, mesmo assim, poderem
continuar a curtir o período que ainda lhes resta. Outra,
bem diferente, e torturante, é a que aquela vingança
impunha, privando-as dos últimos momentos de alegria a
que teriam direito. E é claro que a morte , conhecedora
dessa tragicomédia, redobrou a dedicação, impondo
àquele trio maiores tormentos.



  • Tem que haver uma saída! – protestou a guerra ,
    cheia de cólera; e partia em dois uma mesa com sua
    espada.

  • Mas qual?! – bradou a fome , ao mesmo tempo em
    que batia a porta da geladeira.

  • Amigos, para todo problema existe uma solução. –
    a peste era a única que se mantinha equilibrada – Mas,
    para encontrá-la, é preciso que nos acalmemos. Só assim,
    serenados, é que teremos condições de enxergar a
    famosa agulha no palheiro. Vocês não concordam?


Poucos segundos foram necessários para que as
outras concordassem. E a guerra foi a primeira a falar:



  • Tem razão. Para que o inimigo seja destruído,

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