mas nada acontece nesse inverso do tempo.
Apenas o olhar, perdido
na única paisagem possível
através da janela,
ainda tem um quê de liberdade.
Mas também ele, o olhar,
limita-se ao vazio que se tornou a vida
e não enxerga mais saída.
Sigo aqui, sob as algemas
colocadas por esta parada obrigatória.
Arrumo gavetas, separo roupas,
cozinho e me entupo
com os sentimentos que borbulham
dentro de mim.
Bagunça interior é bem difícil de se arrumar...
A estrada vazia, as ruas vazias,
os cachorros irreconhecivelmente silenciosos,
a vida vazia.
Aprendi a te valorizar
exatamente no momento que te perdi,
Todavia, me proponho a reencontrar-te,
de preferência aqui dentro de mim e,
mesmo que os dias lá fora sejam cinzentos,
contigo meu colorido há de voltar,
Liberdade.