VOO LIVRE REVISTA LITERÁRIA - ANO 2 - Nº 13

(MARINA MARINO) #1

Sarau de Poesias, Comemorativo do nosso 1º aniversário


Canjica


A vida muitas vezes aperreia,
mas a gente não arrega não,
mesmo sob pressão.


Depois de certa tristeza
ficamos felizes, como em dias
festivos de São João.


É um verdadeiro arraiá,
tem fogueira, tem dança,
ao estilo do rei do baião.


Cantoria aventureira,
cangote suado, cachaça,
rodopio, aquela alegria
que transborda do coração.


Toca alto em caixa de madeira,
música arretada e forrozeira,
que coloca a morena faceira,
para requebrar pelo salão.


De braços dados, bate-coxa,
remexido,
desencarrilha o trem na estação,
arrastar de chinelas,
levantando pó pelo sertão.


Grudados no terreiro,
um xodó sem preconceito,
tanto ela, quanto ele, nesse ritmo ligeiro,
só querem namorar no calor da brasa acesa.

Sanfona chora baixinho,
toca triângulo, zabumba, miudinho
com todo encanto, fazendo o mandacaru
fulorar na seca, chuva de amor que inunda o
povão.

Entre um corpo e outro,
entre um copo e outro,
para repor a energia,
milho da roça cozido no leite, açúcar e
tradição.

Cravo, canela, mistura com coco,
amendoim ou leite condensado,
fica ainda mais gostoso numa sala de reboco,
acompanhado pelo beijo seu.

Pura paixão, afagando com emoção,
aproveitando cada momento em que alegria
ainda não foi sufocada pela cobrança,
pela tristeza ou dolorosa lembrança.

Neide Pereira de Oliveira
Vitória/ES -Brasil
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