VOO LIVRE REVISTA LITERÁRIA - ANO 2 - Nº 13

(MARINA MARINO) #1
Eoagostoterrívelchegou...
Levou, com seus ventos mórbidos e angustiantes, a vida do

“MeuPresidente”.Velhoamigo! Meutimoneiro!


Sempre que passo por aquela rua, olhando aquela varanda,


vislumbro a sua imagem no mesmo traje de linho, com aquele


sorriso zombeteiro, com aquele olhar afetuoso, e com a mesma


imponênciado“MeuPresidente”.


Palavras e Pontos por Regina Ruth


conseguiaconvencerninguém!
E foram muitos meses assim,
anos até!De repente,avozdo “Meu
Presidente” se calou. Não falava
mais... Nem comigo, nem com
ninguém. Ficou triste, abatido. Nem
engraxavamais ossapatos!Também,
não os usava! Só calçava chinelos e
quasenãoandava.Sóqueumaalegria
euaindasentia.Nãoouviaasuavoz,
masseusolhosmefalavam.Seujeito
de me olhar ainda era o mesmo.
Transparecia amor, carinho,
cumplicidade. Eu ficava tempo ao
ladodele,sentadoemumacadeirano
canto do quarto. “Meu Presidente”
estavamuitomal.Eunãosabiabemo

que lhe acometia o corpo, mas
percebiaqueestavachegandoaofim.
Ao fim da campanha, ao fim da
proeza,aofimdavida.
Eoagostoterrívelchegou...
Levou, com seus ventos
mórbidos e angustiantes, a vida do
“Meu Presidente”.Velho amigo! Meu
timoneiro!
Sempre que passo por aquela
rua, olhando aquela varanda,
vislumbro a sua imagem no mesmo
traje de linho, com aquele sorriso
zombeteiro, com aquele olhar
afetuoso,ecomamesmaimponência
do“MeuPresidente”.
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