Quatro Rodas - Edição 724 (2019-08)

(Antfer) #1

AGOSTO QUATRO RODAS 15
P
resentear filho com miniaturas
pode virar coisa séria. Se tomar
gosto pelo hobby, a criança cor-
re o risco de virar um adulto enge-
nheiro, piloto ou alguém como Rafael
Gakiya, 35 anos, que hoje constrói
seus próprios brinquedos. “Meu pri-
meiro contato real com o modelismo
foi em 2005, quando fui trabalhar no
Japão. Lá comprei dois movidos a
combustão, muito caros no Brasil.
Desde então, mergulhei nesse
hobby”, explica Gakiya, hoje comer-
ciante no mercado de cosméticos,
mas com 20 carrinhos no currículo.
Jipes e picapes sempre foram sua
preferência, daí a vontade de fazer um
Land Rover. Primeiro foi um Defender
90 vermelho, em 2014, e agora é um
Defender 110 cinza, que impressiona
pela precisão em relação ao original.
Quem visitar seu canal no
YouTube, o Rafael Gakiya Concept,
vai se espantar com seu preciosismo.
Uma rápida navegação ali desperta
más intenções em quem busca um
brinquedo de gente grande: tem
Pégasus e Colossus (lendários carri-
nhos de controle remoto da Estrela
dos anos 70 e 80) “fuçados”, um
BMW M1 e até um Land Cruiser FJ40.
No caso do Defender, o chassi é se-
parado da carroceria, como no jipe de
verdade. Ele é feito de liga de alumí-
nio, enquanto a carcaça nasce em
plástico ABS. “A carroceria sem dúvi-
da é a parte mais difícil e trabalhosa,
porque exige paciência e técnicas
para fazer todos os detalhes ficarem
perfeitos. São muitos fios, módulos e
peças para se adaptar, moldar e con-
seguir chegar a um padrão de quali-
dade”, explica Gakiya, que busca pe-
ças no Japão, na Coreia do Sul, nos
EUA e na Alemanha – embora a
maioria venha mesmo é da China.
Rodas também são de liga de alu-
mínio, enquanto o rack do teto é aço.
Dá até para ver os parafusos de diferenciais
e capô. Pneus e suspensão são deformáveis
Pneus obviamente são de borracha,
assim como os bancos, enquanto em-
blemas são de metal. E os bancos são
sensíveis ao toque. Há acessórios,
como simulador de som (que repro-
duz o ronco de um V8!), luzes e um
guincho funcional que iça até 1,5 kg.
Quanto ao motor, trata-se de um
elétrico que não é feito para velocida-
de, e sim torque – não por acaso,
como num Defender real, que precisa
de força para transpor terrenos irre-
gulares. O Defenderzinho demorou
seis meses para ficar pronto e pesa 10
kg, espalhados por 23 cm de largura,
30 de altura e 59 de comprimento.
Gakiya faz os carros por paixão,
mas avisa que não recusará propostas
pelo Defender, que sai por R$ 10.000.
“Eu os vendo para poder montar ou-
tros modelos, porque eu gosto na ver-
dade é de montar e criar. Não vejo
como um trabalho, e sim como uma
terapia. Amo fazer isso.”
Macaco hi-lift, extintor e painel que acende: preciosismos de Rafael Gakiya

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