E
m 1979 o etanol, à época chama-
do de álcool, ainda era só uma
promessa como alternativa à cara
e poluente gasolina. Para piorar, mo-
toristas e mecânicos desconfiavam da
durabilidade dos motores feitos para
queimar o biocombustível, que ain-
da não era vendido ao público e ficou
restrito aos carros governamentais.
Para descobrir vantagens e des-
vantagens do etanol, QUATRO RO-
DAS promoveu um teste histórico e
inédito, publicado em outubro. Foram
convocados os primeiros carros adap-
tados ao combustível para uma prova
de durabilidade, em que rodariam
30.000 km ininterruptamente. As
quatro grandes fabricantes da épo-
ca foram convidadas, mas somente
Volkswagen e Fiat atenderam ao pe-
dido. A marca alemã escalou o Passat
1.5, enquanto a novata italiana convo-
cou o pioneiro 147 1.3, primeiro carro
de produção a etanol do Brasil.
A forma mais adequada de rodar
30.000 km sem parar é em um am-
biente controlado, e logo o autódromo
de Interlagos foi escolhido para a pro-
va. Vale lembrar que, em 1979, a pista
ainda tinha o traçado original, com
7.863 metros (o atual tem 4.309 m).
Mesmo assim, seriam necessários
15 dias seguidos de maratona para al-
cançar o índice. Isso exigiu uma equi-
pe de 181 pessoas, envolvendo pilotos,
mecânicos, seguranças, policiais,
médicos e jornalistas. O direito de uso
do autódromo público por mais de
duas semanas foi obtido após uma ne-
gociação com a Secretaria Municipal
de Esportes, responsável pelo equi-
pamento na época. Viaturas do Corpo
de Bombeiros e ambulâncias da Se-
cretaria Municipal de Higiene tam-
bém foram mantidas no local, para
atender a qualquer emergência.
Além da organização, que incluiu
da montagem de um restaurante até
a contratação de seguranças parti-
culares, QUATRO RODAS precisou
lidar com uma pequena dificuldade:
O motor do Passat
passou por menos
problemas no teste
do que o do Fiat 147
Fiat e VW usaram a
prova para avaliar
a recente tecnologia
do carro a etanol
AGOSTO QUATRO RODAS 57
antfer
(Antfer)
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