o etanol não era vendido naquela
época. O combustível ainda estava
em testes, ficando restrito a veículos
usados pelo governo. Por causa disso
a Petrobras (que ainda tinha acento
naquela época) cedeu 15.000 litros
e duas bombas para reabastecer os
quatro automóveis usados no teste.
Também foram adotados cuida-
dos para a manutenção dos veículos,
já que eles passariam por revisões:
a cada 5.000 km, no caso do 147, e a
cada 7.500 km, no caso do Passat.
A maior dúvida dos especialistas
era como os carros lidariam com o
ataque químico provocado pelo eta-
nol. Por conta disso, a Fiat deixou
um 147 com peças sem proteção para
corrosão e outro com a chamada bi-
cromação. Ambas as marcas também
procuraram avaliar a eficiência dos
filtros de combustível, cuja durabili-
dade era alvo de desconfiança.
Da parte corrosiva, os fabrican-
tes estavam certos: sem proteção,
bomba de combustível e (principal-
mente) carburador sofriam com o
desgaste provocado pelo etanol. Já
o elemento filtrante se mostrou efi-
caz, fazendo, inclusive, com que a
Volkswagen voltasse atrás na reco-
mendação de troca a cada 7.500 km.
Como era essencial que os veículos
fossem mantidos rodando a maior
parte do tempo, todos os imprevistos
mecânicos eram resolvidos rapida-
mente. Isso incluía a manutenção
dos carburadores (algo constante no
147 sem proteção química), ajuste de
marcha lenta e distribuidor para todos
os veículos e até consertos inusitados.
TROCA DO CÂMBIO A quarta marcha
(a única utilizada ao longo de toda
a volta de Interlagos) de um dos 147
quebrou durante o teste. Para agi-
lizar o reparo, os mecânicos da Fiat
optaram por trocar toda a caixa de
câmbio. O detalhe é que isso foi fei-
to em menos de uma hora, índice só
encontrado em competições de rali.
Pequenas colisões que afetaram três
automóveis também foram repara-
das em poucos minutos.
Para passar o tempo ao longo de
cada turno de duas horas, os pilotos
trocavam piadas no rádio usado para
comunicação dos veículos, boxes e
equipe de apoio. A média horária
de 5min30s por volta era controlada
por uma equipe de cronometragem,
e motoristas que andavam rápido ou
lento demais eram advertidos.
Mesmo assim, em um dos dias um
piloto passou a dirigir cada vez mais
devagar. O motivo: o cronômetro
embarcado no veículo estava ficando
com a pilha fraca, “desacelerando o
tempo”. O controle de tempos e os
reabastecimentos eram feitos por
uma equipe especializada e gerou
páginas suficientes para fazer uma
fileira de 27 metros de comprimento.
Por fim, a equipe de cada fabri-
cante era chefiada por um enge-
nheiro da empresa. O responsável
pelos Fiat foi Yutaka Fukuda, pai do
consultor da QUATRO RODAS, Fabio
Fukuda, e proprietário da oficina que
faz o controle e desmonte dos carros
de Longa Duração.
Sem iluminação na pista, os carros contavam só com os faróis principais e os de neblina. Os veículos foram conduzidos pelos
pilotos das próprias fábricas e equipes envolvidas até com a Fórmula 1 no Brasil participaram do apoio e cronometragem. O
reabastecimento ficou por conta da Petrobras. Nem mesmo pequenas colisões de três carros impediram a conclusão do teste
REPORTAGEM | EDIÇÃO DE ANIVERSÁRIO
58 QUATRO RODAS AGOSTO
antfer
(Antfer)
#1