Quatro Rodas - Edição 724 (2019-08)

(Antfer) #1

N
os 46 anos do teste de Longa
Duração, poucos carros estive-
ram tão presentes quanto o VW
Santana. Foram três avaliações (qua-
tro se contarmos a perua Quantum),
a mais memorável iniciada em 9 de
março de 1992: foi o dia em que a
QUATRO RODAS esteve na extinta
concessionária paulistana Davox para
fechar a compra do pomposo Santana
GLS 2000i 4 Portas branco Nacar.
Naquela segunda-feira, trouxemos
para a redação o que havia de melhor
na nossa indústria. A segunda geração
do Santana brilhava entre os sedãs
executivos em função do freio ABS e
da injeção eletrônica, fornecidos pela
Bosch – apesar dos US$ 2.500 do ABS
(6,4 % do preço total, de US$ 38.865,
equivalente hoje a R$ 265.000).
O que ninguém podia imaginar
naquela segunda-feira é que um dos
sedãs mais luxuosos do país estaria,
décadas mais tarde, trabalhando na
roça. Após rodar 60.000 km em 15
meses e ser totalmente desmonta-
do para a edição de junho de 1993, o
Santana foi remontado, revisado e re-
vendido pela Editora Abril a um com-
prador desconhecido de São Paulo.
Pouco tempo depois, entrou para o
anonimato no Rio Grande do Sul.
A sorte do Santana só começaria
a mudar em 2015, graças ao gaúcho
Jeison Paim, 36 anos, um apaixona-
do leitor da QUATRO RODAS desde
os 7 anos de idade. Seu interesse pelo
Santana nasceu já na reportagem do
desmonte, aos 20 anos, devido à di-
vulgação da placa original, uma das
primeiras com três letras. A partir
dela, começou sua caçada pelo carro.
Foram três anos de investigações
até chegar a Sananduva (RS), perto da
divisa com Santa Catarina. “Localizei
o Santana na área rural, como car-
ro de uso diário de um sitiante, que
o utilizava no serviço pesado da
roça”, relembra Jeison. “Apesar dos
maus-tratos, o velho Volkswagen
encontrava-se em razoável estado
de conservação e tudo indica que ele
nunca mais apresentou problemas na
embreagem, pois carregava de tudo,
dentro ou fora de sua capacidade.”
A robustez e o problema de trans-
missão a que Jeison se refere foram os
destaques do desmonte da edição 395.
O texto revelava que partes do motor,
como bloco, virabrequim, comando
O painel parece intocado pelo tempo. Bancos Recaro eram objetos de desejo para os amantes de automóveis dos anos 90
Chaveiro como o da época revela cuidado com os detalhes. Motor está tão bem recuperado que aparenta ter deixado a loja agora
AGOSTO QUATRO RODAS 61

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