Veja São Paulo - Edição 2645 (2019-07-31)

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20 Veja São Paulo 31 de julho, 2019


gatória para os amantes de hambúrguer naquele
pedaço. Comandado por Regiane Cruz e Ricardo
Vieira, o espaço deu apoio financeiro e culinário
para que o Graja Pub se tornasse realidade. “A ideia
é que a gente consiga transformar a região num po-
lo gastronômico”, acredita Vieira. Por enquanto, o
menu do bar é reduzido, com alguns petiscos e cal-
dos. Os dadinhos de tapioca (R$ 19,90), que viraram
um fenômeno desde sua criação em outro extremo
da cidade, a Vila Medeiros, na Zona Norte, têm boa
textura e são agradáveis ao paladar.
Ali perto, em Taboão da Serra, existe outra pro-
dução de pequena escala, feita inteiramente por
mulheres. Batizada de Benedita, a cerveja homena-
geia retirantes nordestinas que ocuparam a periferia
de São Paulo e a Rua Benedita Joana Franco, no
Jardim Monte Alegre, onde é fabricada. Eneide Ga-
ma, cozinheira e coordenadora de projetos sociais,
Melissa Miranda, administradora, e Márcia Martins,
artista plástica, tocam a empreitada juntas.
Elas começaram, assim como outros microcer-
vejeiros, fazendo bebida para consumo próprio. De-
pois, vieram a curiosidade e o apoio dos amigos. As
três decidiram, em 2018, viver da ideia. Atualmente,
a operação da Benedita tem capacidade de produzir
500 litros por semana. A american pale ale (APA),

JOÃO BERTHOLINI

FOTOS RICARDO D’ANGELO

levemente frutada e cítrica, virou atração junto com
o chope lager, que faz sucesso em eventos. Depois
de terem o produto espalhado em quarenta estabe-
lecimentos, as empreendedoras precisaram reduzir
a fabricação. “Sofremos calotes e perdemos algumas
receitas, mas é tudo aprendizado”, diz Eneide.
A Zona Norte também tem representante no
círculo periférico de cervejas. Trata-se da Hidra
Beer, do cientista da computação Fabiano Mello.
Para iniciar a produção, a princípio por hobby, ele
se embebedou com os amigos e procurou dicas até
em vídeos no YouTube. Quando notou que tinha
jeito para a coisa, investiu primeiro em uma recei-
ta de APA. Acreditava que o sabor menos agressi-
vo seria ideal para o público de Pirituba.
A Hidra se encaixa na definição de uma cerve-
ja cigana. É feita por uma fábrica parceira e ven-
dida em pelo menos cinco bares, restaurantes e
baladas na região. Mello conta que a cervejaria
consegue se pagar, mas que ainda não é possível
para ele viver da produção. Por isso, divide as aten-
ções entre a marca e um trabalho regular, o que
dificulta a prospecção de novos clientes. Por essa
razão, Mello também busca impulsionar as vendas
on-line. O kit com duas garrafas de 600 mililitros
sai por 49,90 reais no site da marca. ß

Mello: do mundo dos computadores para a elaboração da
bebida; e o lúpulo, a matéria-prima para garantir a qualidade

Beneditas: Eneide, Melissa
e a american pale ale
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