Veja São Paulo - Edição 2645 (2019-07-31)

(Antfer) #1
Veja São Paulo 31 de julho, 2019 9

Sem desperdício na moda


De santo a lobo


Quando João Doria deixar o comando do estado (seu mandato vai até o fim de 2022),
ele deverá inovar na galeria dos ex-governadores. Em vez de ser representado numa
pintura como as que mostram todas as autoridades que comandaram o Palácio dos
Bandeirantes, o atual gestor quer ser fotografado. A mudança nesse processo se daria
para economizar tempo e dinheiro. Um custoso retrato a óleo chega a levar três meses
para ficar pronto, enquanto em duas semanas uma foto está pendurada, por um valor
bem menor. Há mais de três anos o governo enfrenta uma ação civil pública por causa
dos mais de 80 000 reais investidos no quadro de José Serra (no detalhe). Devido a
essa discussão, o último “ex”, Márcio França, ainda não posou. Além do fato de ter sido
gasto um dinheirão, alguns visitantes e servidores se espantam ao ver o largo sorriso
de Serra, incomum fora do quadro. Cada político escolhe o artista que vai retratá-lo, e
essa tela ficou a cargo de Gregório Gruber, 68, premiado pela Associação Paulista de
Críticos de Arte por suas gravuras. Ele também desenhou outros quatro políticos, como
Cláudio Lembo (com ele na foto ao lado). “Obedeci às instruções enviadas pela equipe
do Palácio, algo que não representa o meu estilo”, diz. Sobre o tal bom humor de Serra,
explica: “Ele não conseguiu posar e me enviou uma foto de campanha”.

Segundo estudo recente da consultoria McKinsey, a indús-
tria da moda no mundo desperdiça um caminhão de teci-
dos por segundo. Assustada com os dados, a cenógrafa
Lu Bueno, 49, criou, em 2015, o Banco de Tecido. Desde
então, conquistou clientes — de costureiras a marcas fa-
mosas — que buscam uma produção sustentável, como a
Farm. O negócio funciona assim: pessoas e empresas pro-
curam o galpão na Vila Leopoldina, pesam seus panos e
ali os depositam, gerando um crédito em quilos. O banco
fica com 30% da conta de cada uma dessas trocas. Tam-
bém é possível comprar as mercadorias por 55 reais o
quilo. Até setembro, Lu pretende lançar um e-commerce.
“É uma estupidez não reutilizar esse material”, acredita a
profissional, que deverá faturar 450 000 reais neste ano.


Com 43 anos de carreira, o ator Paulo Goulart Filho, 54, fará seu pri-
meiro monólogo a partir de 8 de agosto, quando estreia no teatro do
CCBB a peça Francesco, de Dario Fo, sobre a vida de São Francisco de
Assis. Em 2016, a diretora Neyde Veneziano havia escalado Domingos
Montagner para o papel, mas ele faleceu meses após o convite. “Como
também é bailarino, Paulinho faz com louvor os 25 personagens, do
lobo ao santo”, celebra Neyde. O intérprete, no ar como jurado do pro-
grama Dancing Brasil, na Record, ressalta que o espetáculo abordará
atualidades, como o combate à violência. “Sou espírita e acredito que
a solução para o país é trocar armas por educação.”

A POLÊMICA DOS RETRATOS


FOTOS ALEXANDRE BATTIBUGLI
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