REVISTA VOX - ABRIL 2021

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principais pessoas que a inspi-
ram e estão ao seu lado nessa
trajetória. “Meus técnicos Jamir
Bragança, Alexandre Garcia,
Denilson Lourenço são pessoas
incríveis, são atletas e me inspi-
ram. Me sinto muito privilegia-
da por tê-los comigo”, declara.
Para Alana, as dificuldades
precisaram ser encara-
das como desafios. E
em 2018, enfrentou um
novo obstáculo. Seu
sonho era ser campeã
mundial, mas no início
do ano teve uma séria
lesão no joelho. “Passei
por uma cirurgia e os
médicos me deram oito
meses de recuperação,
dessa forma eu poderia
ficar fora do Mundial,
mas desde o primeiro
dia que sai da cirurgia
foquei no desejo de ir
para o Mundial, algo
muito improvável de
acontecer pela serieda-
de da lesão. Mas com
cinco meses de cirurgia
eu estava no tatame
treinando. Quando
completei seis meses
de cirurgia fui cam-
peã mundial. Quando
lembro desse momento
me sinto forte. Às vezes
pensamos que não
conseguimos passar por
determinadas situações,
mas só precisamos ter
foco, força e fé”, destaca.
Atualmente morando em São
Paulo, Alana mantém os treinos
com o foco na medalha de ouro e
ser campeã paralímpica em 2021.


PAULO
O mundo é visto de uma
outra forma por Paulo Donizeti
Gardinalli Filho, de 38 anos,
também conhecido como Pauli-
nho. Ele nasceu com uma atrofia
no nervo óptico. Com seis meses
descobriram seu problema de vi-
são. “Eu não tive a oportunidade
de experimentar o mundo como


as pessoas que enxergam. Desde
pequeno tenho aprendido como
lidar com a deficiência visual”.
Para isso, Paulo conta com o
apoio de sua família, principal-
mente de sua mãe, irmãs e avós.
“Quem me motivou a vida toda
foi minha família. Minha mãe
é grande pessoa, que me ajuda

em tudo. Tive pessoas no meu
caminho que me incentivaram,
mas acima de tudo, o principal é
você mesmo se incentivar, você
ter aquela vontade de almejar
coisas”.
Paulo é formado em Ciên-
cias da Computação e mora em
Lucélia. Atualmente ele trabalha
como bancário concursado na
Caixa Econômica Federal. “Sinto
muito prazer no trabalho que
faço. É uma experiência única
na minha vida, é o emprego que
pretendo me aposentar, gosto
muito de trabalhar lá”, afirma.

Antes disso, Paulo trabalhou
durante nove anos na Prefeitura.
Mas Paulo nem sempre ex-
perimentou o respeito e acolhi-
mento do próximo. “Já sofri mui-
tos preconceitos principalmente
em relacionamentos. Muitas
pessoas acham que porque não
enxergo não posso me relacionar
com ninguém. Durante
minha vida profissional
já sofri alguns precon-
ceitos”.
Situações desse tipo
foram usadas por Paulo
para se fortalecer como
homem e profissional.
“O segredo é você não se
deixar levar por esses
preconceitos, e mos-
trar que é uma pessoa
capaz de superar todos
os obstáculos. Afinal,
obstáculos existem para
a gente amadurecer”,
declara.
Sobre sonhos, Pauli-
nho conta que já con-
quistou muitas coisas
que almejava, como ter
concluído uma faculda-
de e estar em um bom
emprego. Seus próximos
sonhos incluem ainda
mais aprendizados.
“Um dos maiores
sonhos é deixar um
legado para as pessoas
que estão em minha
volta, legado de apren-
dizagem e superação.
Também quero ter futuramente
uma vida que me permita viajar,
conhecer novos lugares, tenho
muita vontade de conhecer os
lugares maravilhosos que temos
no Brasil”, conta.
Sempre sorridente, Paulo
acredita no conforto da men-
sagem e fez questão de deixar
a sua. “Uma mensagem moti-
vadora para as pessoas é que
não importa a deficiência, o que
importa é você superar. Apesar
das dificuldades, com persistên-
cia e vontade a gente consegue
vencer”, conclui.

Paulo Filho
“Eu não tive a oportunidade de experimentar o mundo
como as pessoas que enxergam. Desde pequeno tenho
aprendido como lidar com a deficiência visual”.
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