REVISTA VOX - ABRIL 2021

(VOX) #1

62 REVISTAVOX.COM | ABRIL 2021


JULIANA


Nascida em São Paulo, aos
15 anos se mudou com a família
para Dracena, onde atua como
fotógrafa profissional há três
anos.
Seu trabalho surpreende pela
delicadeza com que captura suas
imagens.
Sua vida mudou
logo na infância. Uma
semana após completar
sete anos, ela sofreu um
grave acidente, foi atro-
pelada por um ônibus
e entre diversos feri-
mentos perdeu o braço
esquerdo.
Ainda criança, sem
entender exatamente
toda a gravidade daque-
le cenário, ela já sabia
que precisaria reapren-
der as tarefas do coti-
diano. Segundo ela, sua
mãe foi o alicerce para a
adaptação à nova vida.
“Logo que cheguei
em casa após sair do
hospital, na primeira
vez que precisei trocar
de roupa, minha mãe
pediu que eu fizesse
sozinha. Fiquei muito
confusa sem saber exa-
tamente como faria, e
ela muito forte e sábia,
me incentivou. Minha
mãe não me cercou de
superproteção, pelo
contrário, me ensinou a
lidar com a frustração.
Ela é até hoje a pessoa que
mais me motiva a superar tudo,
porque as dificuldades vêm e
vão e o que não pode faltar é
garra para conquistar o que se
quer”, enfatiza Juliana.
E neste universo de apoio e
incentivo Juliana cresceu e se
tornou cada vez mais forte, a
ponto de muitas vezes esquecer a
limitação física.
“Algumas pessoas ficam
admiradas por eu ter seguido
carreira na fotografia sem um
dos meus braços, mas hones-


tamente, na maioria das vezes
eu até esqueço dessa limitação,
cresci assim e me adaptei muito
bem à minha vida, são pouquís-
simas as coisas que não consigo
fazer”, acrescenta.
A fotografia surgiu em sua
vida após outras experiências
profissionais. Juliana já traba-

lhou como vendedora, recepcio-
nista e maquiadora. Sempre em
busca de independência come-
çou a trabalhar cedo, aos 16 anos.
E antes da fotografia, seu sonho
era trilhar um caminho na psico-
logia. Começou a faculdade, mas
precisou trancar o curso após a
empresa em que trabalhava ter
declarado falência.
“Me vi em um beco sem saída,
não tive meios para continuar o
curso até arrumar outro empre-
go, então precisei trancar a facul-
dade. E essa foi uma das piores
coisas que passei”, relembra.

Mas foi neste contexto que a
fotografia surgiu, de uma forma
inesperada.
“Uma amiga que achava que
eu tinha olho bom para foto-
grafia me pediu para fotografá-
-la com o celular mesmo, fiz o
ensaio. Ela começou a comparti-
lhar as fotografias, e as pessoas
ficavam perguntando
quem era a fotógrafa e
queriam marcar horário
comigo. Fiquei muito
surpresa”, conta aos
risos.
Foi então que Julia-
na resolveu se dedicar
de vez a fotografia, aos
poucos foi adquirindo
os equipamentos foto-
gráficos e hoje, aos 28
anos de idade, sua vida
tem rotina agitada entre
trabalho e pesquisas
sobre fotografia.
“Superação não é
bem uma opção para
pessoas com alguma de-
ficiência física, ou a gen-
te tenta até conseguir ou
ficamos dependentes.
Em relação ao meu tra-
balho eu precisei inves-
tir em equipamentos
leves, só fotografo com
luz natural, mas tudo
isso trouxe também
personalidade ao meu
trabalho”.
As imagens captura-
das por Juliana impac-
tam pela técnica e a beleza que a
profissional consegue registrar.
Juliana captura fotos cheias de
sentimentos, ela fotografa bebês,
famílias, mulheres, entre outros.
Mas tem uma preferência pelos
ensaios femininos.
“Hoje, como fotógrafa, ajudo
mulheres a enxergarem a si mes-
mas de uma maneira muito mais
carinhosa, transformando a au-
toestima das pessoas e lhes pro-
porcionando boas experiências.
Amo o meu trabalho, e meus
olhos brilham pelo que faço, é
gratificante fotografar pessoas e

Juliana Costa
“Minha mãe não me cercou de superproteção, pelo
contrário, me ensinou a lidar com a frustração. Ela é até
hoje a pessoa que mais me motiva a superar tudo.”
Free download pdf