RLPV 5

(Anita Santana) #1

perseguidor desses indivíduos
como se eles fossem contagiosos,
e não contemplem a diversidade
das constituições familiares e não
legitimam relacionamentos que
sempre existiram, desde que o
"mundo é mundo"? E esses
relacionamentos vão se ampliando
quando as pessoas vão se
reconhecendo e se formando
como sujeitos sociais, com
identidades próprias, às quais não
cabe a ninguém interferir; são
individualidades que têm de se
relacionar com uma coletividade,
da qual, no mínimo, exige-se o
respeito, se não houver a
aceitação. Um atraso cultural sem
dimensões, diga-se, que mata os
sentidos de alteridade e de
humanidade, características que
deveriam constituir todo ser
humano!


E nunca houve miscigenação?
Que formação estranha de um
povo com uma diversidade tão
grande. Que país abre as portas
para a imigração, escravizada ou
voluntária, e nega a interferência
desses povos em sua formação
cultural, social, política,
econômica? Como ocultar os
diferentes “tons de pele” que
desfilam na nação brasileira, que
os lápis de cor nem dão mais
conta de representar? Essa
belíssima “mistura brasileira”
provada em índices de institutos
de pesquisa e desprezada pelos
órgãos oficiais, que criaram a Lei


10.639/03, instituindo o ensino
obrigatório de Cultura Afro e
Afro-Brasileira, para mascarar
uma aceitação que nunca existiu.
Comemorar o dia de Zumbi em 20
de novembro e fazer uma semana
de festividades alusórias à cultura
afro e afro-brasileira não é
respeitar a negritude. Respeito e
valorização têm de ser todo dia,
em atitudes não excludentes, sem
piadinhas de mau gosto, ou
expressões pejorativas que
consideram um ser “inferior” aos
demais, apenas pela pigmentação
da pele. Será que é mesmo
necessária uma lei impondo uma
obrigatoriedade do que deveria ser
naturalizado?

Quero saber onde foi enterrada a
História e a cultura dos índios!
Adianta construir aldeias
indígenas de concreto e querer
que os índios adotem os costumes
do branco descendente de
europeu? Que piada! Visite essas
aldeias e veja que investimento
"furado", com a imposição da
adequação aos costumes dos
brancos, mas para o governo isso
é um projeto de reconhecimento
da cultura indígena e de resgate
do que lhes foi "roubado".
Tivemos índios com
representatividade política dos
quais ninguém mais lembra:
Paraguaçu, que não foi só uma
personagem da Literatura, ajudou
o marido na fundação de
Salvador; Mário Juruna, líder
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