RLPV 5

(Anita Santana) #1

indígena, que atuou na política
brasileira por mais de 20 anos; o
cacique Raoni, líder dos Caiapós,
defensor da floresta amazônica,
com representatividade
internacional. Na atualidade,
Ailton Krenak e Daniel
Munduruku, líderes políticos,
ambientalistas e escritores, vozes
que tem de ser ouvidas em defesa
dos povos indígena. Quem
valoriza essas personalidades que
defendem a terra que lhe pertence
por direito, mas pela qual tem de
viver em luta?


Quero saber o que fizeram com a
História que escravizou os negros,
força motriz da colonização!
Dominados em suas tradições
tribais, em suas crenças e em seu
intelecto. Até hoje lutam, reagem
contra o sistema, para ter sua
identidade e seu espaço social
reconhecidos. O que seria das
artes e da culinária brasileira sem
a influência africana? Que país é
esse que nega e tenta apagar sua
verdadeira História, e que não
legitima os nativos nem os
imigrantes que o ajudaram a
progredir? Que rufem os
tambores, cada vez mais alto, em
defesa do direito de a população
negra ser respeitada, com seu
valor inquestionável, em todos os
espaços sociais!


Também quero saber quem
apagou as mulheres da História do
Brasil! Não foi um país


constituído apenas por homens,
senão a população teria sido
extinta em pouco tempo. Onde
está o valor de Anita Garibaldi e
Maria Quitéria? Bravas
guerreiras, ofuscadas pelo brilho
dos generais! Chiquinha Gonzaga,
Gilka Machado, Carmem
Miranda, Patrícia Galvão (Pagu),
Zuzu Angel, e tantas outras,
firmando a mulher na vida
artística, quando ela era
condenada ao espaço doméstico.
E Maria Firmina dos Reis,
Carolina Maria de Jesus, que
escreveram sua história com
sangue e com lágrimas, suas obras
ocultadas do público não apenas
por serem mulheres, mas por
serem negras. Berta Lutz, ativista
em favor do voto feminino e da
educação pública. Nise da
Silveira, seu legado na psiquiatria,
longe dos holofotes. Enfim, um
desfile de personalidades
femininas que ficaram à margem
do sistema patriarcal e só agora,
vem a público. Que país injusto
com o intelecto feminino; os
bastidores do sucesso de qualquer
homem!

Não concebo uma independência
permeada de todo esse processo
de exclusão, opressão, dominação,
descaradamente imposto desde a
colonização, que um “grito” às
margens do Ipiranga não
extinguiu. Aliás, com a
Independência do Brasil, e
posterior Proclamação da
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