PAI DO PAI (A MUITOS PAIS)
Labirinto de Creta, lugar onde, segundo a mitologia grega habitava a figura
mitológica do Minotauro, fruto da união de uma mulher e um touro. Emoção
e força! Não me vem outra analogia a não ser esta para falar de paternidade
com você, PAI. Não sei andar em labirintos e você não me deu o novelo de lã
para que eu pudesse marcar o caminho de volta, como fez a apaixonada
princesa Ariadne com Teseu.
Sentimento paterno, seu Minotauro particular. Às vezes emoção, carinho (é
o seu moleque...), saudade do não vivido, lembranças (como no dia em que
saiu quase só de cueca para comprar remédio). Às vezes força, do orgulho
ferido, do sentimento de incompreensão, da aparente incompatibilidade de
pensamento, sim, aparente, pois sob o prisma de quem está cá fora do
labirinto, pai e filho lembram uma regra de três composta, com grandezas
inversamente proporcionais, capazes de trazer à tona um valor desconhecido.
Lembro exatamente o dia em que você me disse, do velho sofá, que seu
filho ia ser pai, meio chateado, meio ogro, com cara de “eu avisei, dei
conselhos”. Tentei brincar, lembrar que se conselhos fossem bons ninguém
dava e que você, no seu tempo, também não os ouviu. Talvez não fosse
chateação, mas sensação de Déjà vu, palavra de
origem francesa que se traduz em “já visto”. Sim, você já havia visto e sabia
exatamente o novo caminho de responsabilidades, sensações e decisões que o
“seu moleque” teria que trilhar.
Você agora é O Pai do Pai e ele, tão menino, tão orgulhoso, tão seu...
passou a ter o seu próprio Labirinto de Creta e fez de você “avorrescente”
(rsrsrs). Agora são dois labirintos e muitos sentimentos a serem desvendados.
Seu filho trouxe lucidez de sentimentos em relação ao seu próprio pai e às
escolhas que na vida ele tomou, acertadas ou não (é o seu coroa...). Com
sentimento de alteridade, julga-se menos, perdoa-se o possível, ama-se mais,
vive-se mais leve no terreno fértil da compreensão. Vê-se no brilho dos seus
olhos, lacrimejados de tristeza ou de alegria, o mesmo desejo quando pensa
em voz alta “agora ele é pai... e minhas escolhas...” mais amor, menos
julgamentos.
Vendaval. Turbilhão de sentimentos. Calor das emoções. Como bom
controlador da “pressão”, não se pode deixar tudo ir pelos ares, é preciso você
conhecer este guri, “que você já conhecia de outros carnavais, mas com outra
fantasia”, agora, fantasia de filho-pai. A sua também não é mais a mesma, sob
a pele de filho-pai-avô, vai seguindo e descortinando as trilhas do labirinto da
paternidade, marcando o caminho, não com a linha de um novelo de lã, sim
com as marcas das experiências vividas. FELIZ DIA DOS PAIS para o pai,
para o filho, para o avô.