A POESIA BROTOU
Deus com a sua mão direita
O menestrel, ele criou
E na sua mente profética
Feijão macassa jogou.
Foi no solo da paixão
Onde sua poesia brotou.
O mote metrificado
É retrato do Nordeste.
Com a sua glosa veloz
Ilumina o céu celeste,
Saindo montada na viola,
Limeirando a vida agreste.
Cada verso é um andor,
Seguindo na multidão,
Aplaudido por dois gagos
No centro da procissão,
Soltando um viva ao poeta
Com a cachaça na mão.
Todo poeta tem na mente
A coroa de um plebeu,
O cajado de Moisés
Expulsando os fariseus,
Batizando sua poesia
Na cachola de um ateu.
É menestrel agrestino
Na pracinha da magia
Com a faixa: é cordel!
Balançando sua alegria
Na boca de suas mil beatas
Sentadas na sacristia.É Coronel da euforia
Numa noite de São João,
Fazendo sala pra moça
Mais bonita do Sertão
Com ramalhete de flor,
Enfeitando o coração.Os cordelistas são seres
Com inspiração do céu,
Batizado por Jesus
Na pia do Arcanjo Miguel
Com São Pedro e São Tomé,
Declamando seu cordel.