Puérpera
empedrados
jorram leite
os fartos peitos
espessas camadas de pele
acobertam meu ventre
dia após dia
sangro
sem desfaçatez de sentir
fujo à mutação do meu corpo
a flor se tornou um caramujo
acalento
vigília no vagido
intimidade com o rebento
sou mãe
subsisto sendo mulheres
a garoa chega
com a noite
traz a brisa morna
emana faíscas à fenda fechada
aconchego-me ao corpo quente
mimoseio minha boca
carinhos vigorosos
clamo
nos gomos inflados
a palma da mão
pressiona
circula
percussão
que rujam os tambores