Crusoé - Edição 179 (2021-10-01)

(Antfer) #1

apoio da maioria dos segmentos do setor produtivo. Mas como o autor foi
adversário de Arthur Lira na disputa pela presidência da Câmara, o
expoente do Centrão decidiu enterrar a proposta e recomeçar todo o
processo, em articulação com o Ministério da Economia. A reforma foi
fragmentada: um texto que trata sobre tributos relacionados ao consumo
seguiu para o Senado e a revisão das regras do Imposto de Renda foi
encaminhada à Câmara – e aprovada no último dia 3. O projeto passou a
toque de caixa por interesses eleitorais: Bolsonaro vai usá-lo para compor
o pagamento do Auxílio Brasil, um programa de transferência de renda
que o presidente pretende transformar em programa de transferência de
votos. Os efeitos são deletérios para o país.


A reforma do Imposto de Renda, por exemplo, estabelece a cobrança de
taxas sobre lucros e dividendos distribuídos aos acionistas de empresas,
hoje isentos, com uma alíquota de 15%. Na avaliação de especialistas, a
taxação vai sobrecarregar pequenas e médias empresas e encarecer
produtos. Para completar, a proposta que trata dos tributos, em
tramitação na Câmara, também não resolve um dos principais problemas
do sistema tributário brasileiro: a sua complexidade, que hoje é uma das


causas da baixa competitividade das empresas brasileiras. “Isso acontece


justamente no momento em que o governo elevou o IOF (imposto


cobrado em operações de crédito, como empréstimos, câmbio e


seguro). As empresas já estão vivendo um momento muito difícil”,


lamenta o doutor em economia Roberto Ellery, professor da Universidade
de Brasília.


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