para perceber que parte majoritária da esquerda condena a ficar na
trincheira oposta quem não reza estritamente pela sua cartilha – qualquer
semelhança com os métodos do bolsonarismo não é mera coincidência.
Como adota postura independente, Tabata acabou carimbada como
inimiga pelos dois extremos do espectro político. Os ataques que mais a
surpreendem são os que partem do campo progressista, com o qual
cultiva mais afinidades.
Nos últimos dias, a deputada foi vítima da ira de setores do petismo
porque defendeu que era preciso “furar a bolha da esquerda e da direita
para chegar ao povo”. No sábado, 18, o ator José de Abreu, lulista de
primeira hora, retuitou – ou seja, endossou e ainda espalhou para os seus
- uma publicação de um outro usuário que afirmava: “Se eu encontro
(Tabata) na rua, soco até ser preso”. Diante da repercussão negativa e a
um artigo da deputada na Folha de S. Paulo, Abreu publicou um artigo no
mesmo jornal, em que fez malabarismo verbal para fingir pedir desculpas
a ela.
Há dez dias, Tabata se filiou ao PSB, após conseguir na Justiça Eleitoral
uma decisão favorável para deixar o PDT sem perder o mandato. Tachada
de “traidora”, a parlamentar teve sua expulsão defendida pelo
presidenciável Ciro Gomes, depois que ela votou a favor da reforma da
Previdência. Nesta entrevista a Crusoé, a deputada lamenta
a “hipocrisia” dos grupos feministas que se calam diante das ofensas e
ameaças feitas por gente da esquerda e diz que uma das principais
ironias da política brasileira é que a maioria das pessoas eleitas sob a
bandeira da nova política, incluindo Bolsonaro, tem práticas tão antigas
quanto às da sua tataravó. Eis os principais trechos.
A sra. listou em um artigo uma série de xingamentos e ameaças que já
recebeu por causa de sua atuação como parlamentar. É pior ser atacada
pela esquerda ou pela direita?