silenciamento, que mostra que eu estou incomodando e que nossa
democracia é muito frágil. Pessoas públicas se sentem confortáveis para
compartilhar uma ameaça de agressão física acreditando que vão sair
impunes. Tenho o entendimento de que os motivos dos dois lados são
diferentes. Não sei se um é melhor ou mais justificável do que o outro.
Como estou no campo progressista, os ataques que vêm da extrema-
direita estão relacionados à discordância profunda da visão de mundo
que eu defendo. Os ataques que vêm da esquerda são mais motivados
por disputa de espaço. Quando defendo a mesma visão de mundo
progressista, do combate à desigualdade, da defesa da educação pública,
mas também a responsabilidade fiscal, a eficiência do estado, que é o
único caminho que a história nos mostra ser possível para o Brasil ser um
país justo e desenvolvido, eu apresento uma alternativa para as pessoas
que também têm sensibilidade social, mas discordam das teses que estão
presentes hoje de forma mais majoritária na esquerda. É difícil dizer qual
é pior.
Os ataques da esquerda ofendem mais por virem de pessoas com as
quais a sra. tem certa afinidade ideológica?
Me surpreendem mais. Eu realmente me indigno com as duas coisas.
Porque nem discordância, nem disputa por espaço deveriam motivar
ataques. O que me surpreende mais em uma parte da esquerda é gastar
tanta munição para fazer aquilo que se condena do outro lado. A
esquerda se coloca como protagonista na luta contra o machismo, o
autoritarismo, fake news, contra ataques violentos, tudo o que a gente
critica no governo Bolsonaro, mas adota práticas semelhantes para atingir
quem ela enxerga como adversário. O discurso está mais descolado da
prática neste caso.
Ser mulher a deixa mais exposta aos ataques?