Rivaldo
Gomes/Folhapress
“A minha independência intelectual assusta, dá medo, incomoda”
A sra. é um dos símbolos da renovação política de 2018, mas o que o país
viu logo em 2019 foi um acordão que pôs novamente em cena o
protagonismo da velha política. A nova política fracassou?
Em 2018, falou-se muito sobre a nova política e não demorei a entender
que isso não significava absolutamente nada. Bolsonaro se elegeu como
representante da nova política, assim como várias outras pessoas que
têm práticas tão antigas quanto minha tataravó. Essa é a maior das
ironias da política brasileira. Eu encontrei no Congresso alguns
parlamentares que estão lá há décadas, que pensam o Brasil e que, até
onde consta, têm um mandato honesto. Hoje, estou menos preocupada
se a pessoa chegou agora ou já estava lá e mais preocupada com a boa
política. Quem me conhece sabe que eu denuncio as emendas do relator
(refere-se ao orçamento paralelo), o toma lá dá cá do Congresso. Não
tenho medo de combater essa corrupção, não, mesmo que isso custe
espaço na Câmara. Tenho muita convicção de que a política vai ser melhor
quando tiver a cara do povo, quando tiver mais mulheres, mais negros,
mais periféricos, mais jovens. A gente tem que primeiro qualificar o que é
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