a boa política e isso passa por analisar os dados do país, ouvir a realidade
das pessoas e, obviamente, não ser populista. E não simplesmente trocar
o que é considerado velho pelo que é considerado novo, achando que vai
dar tudo certo. As pessoas trocaram em 2018, elegeram Bolsonaro, e a
olha a tragédia que virou.
O país já adotou cota de financiamento eleitoral para candidaturas
femininas e agora discute cota de 30% das vagas nas eleições
proporcionais para mulheres. Qual é o impacto dessas medidas na
política?
Essa política de cotas é fundamental. Tem um estudo do Fórum
Econômico Mundial que diz que a gente vai levar mais de cem anos para
atingir a igualdade de gênero na política no Brasil. Outros estudos
internacionais mostram que, onde há mais mulheres na política, há
redução da corrupção e melhoria dos índices econômicos. Tem estudos
no Brasil que mostram que, com mais mulheres eleitas, se reduz a
mortalidade infantil. Estou dizendo isso matematicamente. Talento,
liderança, o quanto uma pessoa pode contribuir na vida pública, não tem
nada a ver com raça, com gênero ou com orientação sexual. Mas se mais
da metade dos filiados a partidos políticos são mulheres e nós só temos
15% de representação no Parlamento, é porque há barreiras e violências
absurdas que tiram as mulheres da política. Então, eu vejo a reserva
temporária de cadeiras, que são as cotas, como uma forma de acelerar
essa mudança tão necessária para produzir uma política boa tanto para
homens quanto para mulheres.
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