financeiro, personalidades ligadas ao mundo do poder. Ao dar um passo
adiante, os auditores viram que a indicação era de ninguém menos do
que a primeira-dama do país. “Cliente veio através de lista de empresas
indicadas pela primeira-dama Michelle Bolsonaro ao presidente Pedro
Guimarães”, dizia um documento. “Direcionamos para análise e tratativas
necessárias solicitações de microempresários de Brasília enviadas pelo
gabinete da primeira-dama Michelle Bolsonaro”, registrava outro
expediente.
Era só a ponta. Logo o time de auditores descobriu que a lista era bem
maior. Na agência onde os empréstimos foram finalmente destravados,
havia até uma pasta no sistema de computadores que, sob o título
“Indicações”, reunia todos os pedidos enviados pelas instâncias superiores
do banco a partir da demanda recém-chegada do Palácio do Planalto.
Curiosamente, algumas das solicitações já partiram do gabinete de
Michelle Bolsonaro acompanhadas dos documentos necessários para a
liberação.
Uma assessora especial da Presidência da República, Marcela Magalhães
Braga, destacada para atuar na equipe que auxilia Michelle mais
proximamente, encarregou-se de receber os arquivos dos empresários
interessados e encaminhar para a Caixa as mensagens, depois de a
própria primeira-dama tratar do assunto com Pedro Guimarães. “A pedido
da sra. Michelle Bolsonaro e conforme conversa telefônica entre ela e o
presidente Pedro, encaminhamos os documentos dos microempresários
de Brasília que têm buscado crédito a juros baixos”, dizia um dos
primeiros e-mails, datado de 20 de maio de 2020.