Crusoé - Edição 180 (2021-10-08)

(Antfer) #1

do procurador Roberto Livianu, presidente do Instituto Não Aceito


Corrupção. Além de incluir uma cadeira a mais no conselho destinada a


um indicado do STF, mediante a aprovação do Senado — o que torna os


representantes do MP minoria no colegiado –, a nova versão atribui ao


conselho o poder de “rever ou desconstituir” atos de todos os órgãos do


MP do país em que haja “violação de dever funcional dos


membros” ou “utilização do cargo com o objetivo de se interferir na


ordem pública, na ordem política, na organização interna e na


independência das instituições e dos órgãos constitucionais”.


Na prática, a medida permite que investigações sejam anuladas pelo
próprio CNMP, caso o investigado acione o órgão alegando desvio de
conduta do investigador. Segundo participantes das negociações, as duas
principais mudanças foram sugeridas pelo ministro Gilmar Mendes, crítico


ferrenho dos procuradores da Lava Jato e de decisões do CNMP. “Esse é o


maior ataque ao Ministério Público desde a Constituição de 1988”,


resumiu o procurador Fabio Nóbrega, ex-presidente da Associação


Nacional de Procuradores da República. “Querem encher o CNMP de


pessoas indicadas pelo Congresso e dar ao conselho o poder de interferir


em nossos atos, criando um controle político sobre a atuação dos


membros do MP”, completou. A reação à proposta, que ganhou os


apelidos de “PEC do Gilmar” e “PEC da Vingança”, foi imediata e se


intensificou depois que Arthur Lira determinou a votação em regime de


urgência. “Está em curso um projeto de fim do Ministério Público


Independente”, protestou a subprocuradora Luiza Frischeisen. O ex-juiz


Sergio Moro escreveu que a PEC “minará a independência do Ministério


Público para proteger os poderosos”, enquanto representantes dos MPs


correram para o Congresso para evitar a aprovação de um projeto
estrategicamente desfigurado e completamente distinto daquele que
havia sido discutido na casa.


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