Crusoé - Edição 180 (2021-10-08)

(Antfer) #1

foi denunciado juntamente com o presidente da Câmara por integrar o


chamado “Quadrilhão do PP”, no qual parlamentares do partido foram


acusados de receber propina e caixa 2 de campanha de empreiteiras
apanhadas pela Lava Jato — o caso foi arquivado em março deste ano
pela Segunda Turma do Supremo, comandada por Gilmar Mendes, o
mesmo que sugeriu as mudanças no texto da PEC. Assim que o placar
eletrônico mostrou que ainda faltavam 92 votos para conseguir a
aprovação da proposta — emendas à Constituição necessitam de 308
votos –, a troca de mensagens por celular foi intensa e a estratégia
mudou: a prioridade passou a ser adiar a votação. O esforço contou com
apoio do petista Paulo Teixeira e da bolsonarista Bia Kicis. Quem
acompanhou de perto não tinha dúvida de que era Lira quem dava as
coordenadas diretamente da Itália.


Derrotada no primeiro round, a turma do acordão planeja agora retomar
a carga para aprovar a PEC na próxima semana, possivelmente retirando
alguns pontos mais polêmicos, como a possibilidade de o CNMP barrar
atos de promotores e procuradores no curso de investigações, mas
mantendo a ideia original de alterar a composição do colegiado para
garantir mais punições a investigadores que importunarem os poderosos
de plantão. Para os integrantes do Ministério Público, mesmo com a


exclusão dos trechos, a “politização” do CNMP vai enfraquecer a atuação


dos órgãos de investigação de “forma irreversível”, permitindo que


agentes políticos sejam fiscais de quem os fiscaliza. Hoje, por exemplo,
procuradores da Lava Jato do Rio de Janeiro que foram representados no
conselho por políticos que eles próprios denunciaram já correm risco de
demissão simplesmente porque divulgaram uma notícia sobre a denúncia
no site do MPF. Para o deleite de classe política, se a proposta for
aprovada como desejam as excelências, a perseguição contra os
defensores da lei será ainda mais implacável.


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