Crusoé - Edição 180 (2021-10-08)

(Antfer) #1

para rodar exclusivamente em favor da renovação do seu mandato – o
governo virou apenas um meio para atingir esse objetivo. O plano foi


batizado de “Agenda Bolsonaro 2”. Ganhou impulso na esteira da


incontinência verbal do Sete de Setembro, quando o presidente lançou
petardos contra ministros do Supremo Tribunal Federal e, sob intensa
pressão, se viu obrigado a recuar, costurando com a ajuda do ex-
presidente Michel Temer um cessar-fogo com a corte. Aos ministros da
Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, e do Desenvolvimento Regional,
Rogério Marinho, o presidente pediu uma relação de obras, qualquer
obra, em condições de ser inaugurada o mais breve possível. De
preferência, no Nordeste, onde sua popularidade derrete. A Paulo
Guedes, titular da Economia, exigiu soluções capazes de viabilizar a
concessão de um novo auxílio emergencial e permitir um incremento no
Bolsa Família, sob o novo nome de Auxílio Brasil.


A mais recente articulação envolveu o Congresso e teve como palco
Maceió, em Alagoas. Em conversa de quase duas horas com o presidente
da Câmara, Arthur Lira, e o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, no dia 28
de setembro, Bolsonaro alinhavou uma agenda legislativa econômica. A
ideia inicial partiu de Lira, com quem o mandatário do país já conversava
sobre o tema desde o início do último mês. No mais recente encontro,
coube ao presidente dar as tintas finais ao projeto. Pelo acerto, Lira
conduzirá uma pauta voltada para gerar impacto no eleitorado. Com foco
no “reequilíbrio” dos preços dos combustíveis e do gás de cozinha, no
Auxílio Brasil e em ajustes no Orçamento, para alavancar obras neste ano
e em 2022. O líder do governo na Câmara, Ricardo Barros, não participou
da conversa em Maceió, mas ficou combinado que ele ficará encarregado
de encontrar brechas na peça orçamentária de modo a fazer jorrar
dinheiro para emplacar as medidas eleitoreiras. Já Ciro Nogueira cuidará
da parte política. É o ministro da Casa Civil quem vai mobilizar a base para
aprovar as propostas que dependem do Congresso. O ex-presidente
Fernando Collor, hoje bolsonarista de quatro costados, foi escalado para
ajudar a robustecer os palanques no Nordeste.


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