Crusoé - Edição 180 (2021-10-08)

(Antfer) #1

eleitoral. Histórico cacique da legenda na capital fluminense, Francisco


Dornelles é quem acerta os últimos detalhes. Em contrapartida, o


presidente teria de aceitar a eventual composição de diretórios do


Nordeste com o PT, para as sucessões estaduais. Segundo espalham os


ases do Centrão, Bolsonaro entendeu que o sacrifício vale a pena.


Ao se debruçar sobre qualquer questão hoje, Bolsonaro pensa com a
cabeça de candidato, não mais com a de presidente. Ou seja, o
mandatário não governa, ele age ao sabor do projeto de poder. Dorme e
acorda pensando em como permanecer acomodado na cadeira
presidencial até o fim de 2026. É o que o move. Por exemplo, a
necessidade de frear a alta dos combustíveis só virou prioridade quando
as pesquisas em poder do Planalto mostraram que o preço da gasolina
nas alturas afetava a popularidade do presidente. A mesma lógica se


reproduz nas demais áreas do governo. “Bolsonaro está em permanente


trabalho pela reeleição”, reconhece Temer, hoje um dos principais


conselheiros do presidente.


O itinerário de Bolsonaro deste ano é ilustrativo desse comportamento.
Em nove meses, fez 64 viagens, transformou as motociatas em atos
públicos em favor de seu governo e turbinou os anúncios de programas
no Planalto. Nada é capaz de demonstrar com mais precisão o caráter
eleitoreiro das viagens de Bolsonaro do que a reinauguração de uma
ponte de 18 metros de comprimento no Amazonas, no fim de maio. No
mês passado, enquanto acertava os pormenores da “Agenda Bolsonaro 2”
com os cabeças-coroadas do Centrão, o périplo se intensificou ainda mais.
Apenas em setembro, o presidente visitou 11 estados, muitas vezes dois
num dia só, como em 3 de setembro, quando foi para Bahia e
Pernambuco, e no dia 17, quando rodou por Minas Gerais e Goiás. Na
data da reunião em Maceió com Arthur Lira, Ciro e companhia limitada,


ele também tinha aportado na capital baiana. “Temos duas opções: ou ir,


e ser chamado de eleitoreiro. Ou não ir, e ser tachado de omisso”, tenta


defender o ministro Rogério Marinho. Tarcísio também tenta encarar a
situação com desembaraço. Em Nova York, nesta semana, para uma série
de encontros com investidores a fim de apresentar as concessões que o


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